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Mostrando postagens de 2020

O MEDO DE SE LER UM LIVRO COMO 'ESSES INTELECTUAIS PERTINENTES'

NOVA CAPA DO LIVRO, SUBSTITUINDO O CINZA, QUE SOAVA "PESADO", POR UM BEGE, QUE SOA MAIS "LEVE". Por Alexandre Figueiredo Evidentemente, esta postagem não vai falar sobre as pessoas que não se interessam em comprar Esses Intelectuais Pertinentes  por opção própria, porque têm outras prioridades. Fala-se daqueles que poderiam adquirir esse livro e não querem por medo, embora, supostamente, também justifiquem que possuam "outras prioridades" e "outros interesses". Precisamos discernir quem realmente não tem necessidade de ler um livro como este e quem precisa, mas não quer por medo. Afinal, tanto à direita quanto à esquerda, há desculpas esfarrapadas para as pessoas não adquirirem o livro, preferindo "coisas mais importantes" como livros para colorir, romances de jogos de Minecraft e estórias de cavaleiros medievais procurando o segredo da medalha de amendoim e do unicórnio cor-de-rosa. Na direita, temos argumentações toscas neste sentido:

O CULTURALISMO CONSERVADOR QUE AS ESQUERDAS NÃO ENXERGAM

O CULTURALISMO CONSERVADOR SE VALE DO DISCURSO "CONTRA A CORRUPÇÃO", MAS ELE NÃO SE LIMITA SOMENTE A ISSO. Por Alexandre Figueiredo O culturalismo conservador descrito por Jessé Souza possui limites conceituais que não são falhos, porque o sociólogo que os analisa têm seus horizontes de abordagem que lhes são próprios e oportunos, conforme suas formações no âmbito do Conhecimento. Trata-se de narrativas que fizeram suas escolhas para, assim, trazer análises peculiares que trazem uma valiosa contribuição para nosso debate. Baseado no mito do "brasileiro cordial" e fundamentado em questionamentos das obras de Sérgio Buarque de Holanda e Raimundo Faoro, dos dos principais ideólogos do culturalismo conservador vira-lata, Jessé Souza não iria falar de "bailes funk" nem de ídolos cafonas exaltando o "Brasil Grande", por estabelecer critérios que lhe são próprios, dentro do caminho analítico que escolheu. Isso não significa que estacionemos no campo ana

BRASIL E A OBSESSÃO IMITADORA DA CULTURA ESTRANGEIRA

ANITTA - CANTORA INSPIRADA NOS PADRÕES DO POP ESTADUNIDENSE DOS ANOS 1990. Por Alexandre Figueiredo O Brasil vive um grande complexo de vira-lata há décadas, com maior intensidade desde que uma missão cultural desembarcou no país em 1942, a serviço da Política da Boa Vizinhança do projeto New Deal do então presidente estadunidense Franklin Roosevelt. Era uma maneira de evitar que o Brasil se tornasse aliado do nazi-fascismo, durante a Segunda Guerra Mundial, selando uma aliança que beneficia o país norte-americano e que continua valendo até hoje, com maior vantagem para os EUA. Antes disso, apenas as elites se comprometeram a adotar o barbarismo cultural através de influências importadas da Grã-Bretanha e da França e, a partir da chegada de outros povos para colonizar o Brasil, substituindo o trabalho escravo pelo trabalho assalariado, os italianos passaram também a se destacar nas influências introduzidas em nosso país. O complexo de vira-lata, termo popularizado pelo dramaturgo e jor

O CULTURALISMO CONSERVADOR QUE ILUDIU AS ESQUERDAS NO BRASIL

  ENTRE OS ERROS DAS FORÇAS PROGRESSISTAS ESTAVA O DE EXALTAR A PROSTITUIÇÃO COMO UM DOS SÍMBOLOS DO FEMINISMO POPULAR. Por Alexandre Figueiredo Aparentemente, quando descreve o problema do chamado "culturalismo conservador" e o "racismo científico" - que ultrapassa os limites dos critérios meramente raciais no que se diz à discriminação dos "excluídos sociais" - , o sociólogo Jessé Souza não mencionou o entretenimento popularesco que, até o surgimento de sua série de livros a partir de A Tolice da Inteligência Brasileira , de 2015 - o mesmo ano do meu livro Música Brasileira e Cultura Popular em Crise  - , era exaltado e blindado por setores deslumbrados de nossas esquerdas. Isso se deve porque a especialidade de Jessé Souza é sociológica e, aparentemente, evitou-se qualquer conflito contra os dogmas que, dez anos antes, foi introduzido na agenda esquerdista depois que o suposto "combate ao preconceito" da bregalização cultural foi propagado pel

A HIPOCRISIA DAS ELITES INTELECTUAIS QUANTO À CRISE CULTURAL BRASILEIRA

   Por Alexandre Figueiredo O livro que escrevi, Esses Intelectuais Pertinentes , disponível na Amazon , explica e exemplifica a campanha do suposto "combate ao preconceito" de uma elite de intelectuais tidos como "especializados" em cultura popular. A campanha durou cerca de 15 anos, pelo menos quando sua atuação foi intensa e constante, e seu desfecho influiu no golpe político de 2016. Tomando como "verdadeira cultura popular" a chamada "cultura de massa" dos fenômenos popularescos, não somente musicais - embora prioritariamente nessa condição - , o dito "combate ao preconceito", todavia, abordava formas preconceituosas de suposta expressão popular, que glamourizava a pobreza a ignorância e, entre outros aspectos, tratava os grupos identitários (como negros, índios e a comunidade LGBTQ) de forma "positiva", porém caricatural. Numa época em que 100 mil brasileiros morreram de Covid-19 e, independente da doença, tivemos óbitos

A CONFORMAÇÃO COM A "BOLHA" DOS SEGUMENTOS CULTURAIS

Por Alexandre Figueiredo A baixa indignação em relação à crise social em que vivemos se deve à ilusão de que, em muitos segmentos culturalmente relevantes, a a ilusão de que a "bolha social" é um "universo", como se os circuitos fechados fossem garantir que a cultura de verdade estivesse em alta. Vemos, por exemplo, em festas de aniversário da classe média, aquela advogada que, num karaokê, mostra dotes de cantora. Ela tem boa voz e interpreta com sua dramaticidade peculiar canções conhecidas da MPB. Ela é aplaudida pelos presentes, num grupo de cerca de trinta pessoas em um salão de um condomínio, e tem-se a impressão de que a MPB está em alta. Temos, no segmento rock, eventos de rock alternativo, emissoras digitais como Cult FM (que, apesar das letras "FM", só é transmitida na Internet e só é sintonizável por celulares que, irradiando webradios , "comem" bateria e são difíceis de manterem a sintonia por mais de uma hora) e festivais de

O SUPOSTO "COMBATE AO PRECONCEITO" E SUA NARRATIVA DOMINANTE

O "FUNK OSTENTAÇÃO" CONTRADIZ A IMAGEM VITIMIZADA DOS FUNQUEIROS AO EXALTAR O CONSUMISMO CAPITALISTA. Por Alexandre Figueiredo Um projeto da Universidade Anhembi-Morumbi de São Paulo, organizado pelo professor Wilson Roberto Vieira Ferreira, o mesmo que produz o blogue Cinegnose , chamado " Vídeos da Quarentena ", produzidos por alunos da disciplina ensinada pelo referido semiólogo, Teorias da Comunicação em Publicidade e Jornalismo, tem como um dos temas propostos pelos alunos um referente às relações de contraste entre Teoria Hipodérmica e Teoria da Persuasão. Sabemos que a Teoria Hipodérmica foi uma das primeiras correntes da moderna Teoria da Comunicação, surgida após os adventos do cinema, do rádio e os primeiros experimentos da televisão, então ainda em processo de implantação. Vigente entre o fim dos anos 1910 e o decorrer da década de 1940, essa teoria se baseava na tese da manipulação midiática sobre o público (a "sociedade de massa"), que

DISCURSO DA BREGALIZAÇÃO EMPURROU AS PERIFERIAS PARA A DIREITA

O ALCOOLISMO ERA TRATADO PELO DISCURSO  "SEM PRECONCEITOS"  DA BREGALIZAÇÃO COMO UMA CONSOLAÇÃO PARA OS DRAMAS DOS HOMENS POBRES, SOBRETUDO IDOSOS. Por Alexandre Figueiredo Seis anos depois da campanha do "combate ao preconceito", que forçava a aceitação da bregalização como suposta expressão "natural" das classes populares, seu grande equívoco veio à tona. A campanha que parecia receber unanimidade na centro-direita e, por proselitismo, em vários setores das esquerdas, abriu caminho para o golpe político de 2016. A bregalização envolve paradigmas que se encaixam perfeitamente no conceito de culturalismo conservador e no "racismo culturalista" estudados pelo sociólogo Jessé Souza. A ideia de que o povo pobre de países emergentes no Brasil deveria legitimar sua própria inferioridade social a partir do mito do "país cordial" de Sérgio Buarque de Hollanda, trazia paradigmas negativos associados às limitações sociais, culturais e ec