Pular para o conteúdo principal

OBRAS DE NIEMEYER RECEBEM DO IPHAN TÍTULO DE PATRIMÔNIO CULTURAL


Por Alexandre Figueiredo

Três obras do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) receberam o título de patrimônio cultural, somando-se ao Conjunto da Obra de Oscar Niemeyer, que foi enviado pelo próprio intelectual em 2007, para avaliação do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

As obras beneficiadas foram o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a Passarela do Samba, ou Sambódromo, no Rio de Janeiro, e o Museu de Arte Contemporânea, de Niterói. Os membros do Conselho Consultivo aprovaram por unanimidade a inclusão das obras, tornando-se 27 os bens envolvidos no Conjunto da Obra, aprovados pelo IPHAN.

A 82ª reunião do Conselho Consultivo aconteceu no Palácio Gustavo Capanema, no Castelo - curiosamente, outra das obras com participação de Oscar Niemeyer, embora de autoria coletiva - , com participação da presidenta do IPHAN, Jurema Machado, e contou com a presença do presidente da Liga Independente de Escolas de Samba (LIESA), Jorge Castanheiras, para prestigiar o tombamento do Sambódromo.

Das três obras, a mais antiga é o Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Inaugurado em 21 de agosto de 1954, a partir de uma área alagadiça que havia sido local de uma antiga aldeia indígena. Visando criar um espaço de lazer que estabelecesse uma relação do homem com a natureza, Niemeyer fez o projeto com a colaboração de Roberto Burle Marx, que fez o plano paisagístico.

Vários prédios de seu entorno criados por Niemeyer também serão registrados nos Livros de Tombo, Histórico e de Belas Artes, como o Palácio das Nações, que abriga o Museu Afro Brasil, o Palácio de Exposições ou Palácio das Artes, dedicado a grandes exposições,

Por sua vez, o Sambódromo do Rio de Janeiro foi inaugurado em 1984, durante o governo de Leonel Brizola. que substituíram as arquibancadas provisórias montadas nos antigos desfiles de rua do Carnaval carioca, que desde a década de 1930 era marcado pelos enredos e desfiles das agremiações denominadas "escolas de samba", criadas para superar a má imagem que as festas de samba tinham na sociedade elitista da época.

O Sambódromo fica localizado na Av. Marquês de Sapucaí, no entorno do Catumbi e da Cidade Nova, e possui uma área de 650 metros, com arquibancadas e camarotes, com lugares destinados a um público de 60 mil pessoas.

A obra mais recente, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, foi inaugurada em 1996. Durante muito tempo, a paisagem de Boa Viagem, na descida para o Ingá e Praia das Flechas - hoje denominada João Caetano - tinha apenas um pequeno penhasco e, abaixo, uma caverna na praia de Boa Viagem.

A construção do MAC durou cinco anos, contou com o trabalho de 300 operários e consumiu 3,2 milhões de metros cúbicos de concreto. e sua estrutura, com um edifício cujo formato lembra o de um disco voador e tem quatro pavimentos, tem 2,5 mil metros quadrados e 50 metros de diâmetro, preparado para suportar cerca de 400 quilos por metro quadrado e ventos de até 200 km por hora.

A lista de Niemeyer, enumerando 28 obras que o arquiteto desejaria que fossem tombadas, foi enviada pelo próprio ao então Secretário-Executivo do Ministério da Cultura e atual ministro da pasta, Juca Ferreira, em razão da visita do então ministro Gilberto Gil ao escritório do arquiteto, que em 15 de dezembro de 2007 completou 100 anos de idade.

Além de significar uma homenagem a Oscar Niemeyer em sua vida e obra, o tombamento dos três bens celebra as comemorações dos 80 anos do IPHAN, surgido como um "serviço" (hoje é "instituto"). O SPHAN foi implantado em 1936, mas seu funcionamento foi oficialmente inaugurado em 1937, ano do seu regulamento, pelo decreto 25, de 30 de novembro, já no Estado Novo de Getúlio Vargas.

FONTE: IPHAN, O Fluminense, Wikipedia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

IPHAN TOMBA CENTRO HISTÓRICO DE JOÃO PESSOA

Por Alexandre Figueiredo No dia 05 de agosto de 2008, o Centro Histórico da cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, passa a ser considerado patrimônio histórico. Uma cerimônia realizada na Câmara Municipal de João Pessoa celebrou a homologação do tombamento. No evento, estava presente o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Luiz Fernando de Almeida, representando não somente a instituição mas também o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, ausente na ocasião. Luiz Fernando recebeu dos parlamentares municipais o título de "Cidadão Pessoense", em homenagem à dedicação dada ao Centro Histórico da capital paraibana. Depois do evento, o presidente do IPHAN visitou várias áreas da cidade, como o próprio local tombado, além do Conjunto Franciscano, o Convento Santo Antônio e a Estação Cabo Branco, esta última um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer que foi inaugurado no mês passado. Luiz Fernando de Almeida participou também da abertura da Fei...

A POLÊMICA DA HISTÓRIA DAS MENTALIDADES

Por Alexandre Figueiredo Recentemente, a mídia lançou mão da história das mentalidades para legitimar tendências e ídolos musicais de gosto bastante duvidoso. O "funk carioca", o pagode baiano, o forró-brega, o breganejo e outros fenômenos comerciais da música feita no Brasil sempre lançam mão de dados biográficos, de sentimentos, hábitos pessoais dos envolvidos, chegando ao ponto da ostentação da vida pessoal. Também são mostradas platéias, e se faz uma pretensa história sociológica de seus fãs. Fala-se até em "rituais" e as letras de duplo sentido - na maioria das vezes encomendada por executivos de gravadoras ou pelos empresários dos ídolos em questão - são atribuídas a uma suposta expressão da iniciação sexual dos jovens. Com essa exploração das mentalidades de ídolos duvidosos, cujo grande êxito na venda de discos, execução de rádios e apresentações lotadas é simétrico à qualidade musical, parece que a História das Mentalidades, que tomou conta da abordagem his...

SÍLVIO SANTOS E ROBERTO CARLOS: COMEÇO DO FIM DE UMA ERA?

Por Alexandre Figueiredo Símbolos de um culturalismo aparentemente de fácil apelo popular, mas também estruturalmente conservador, o apresentador Sílvio Santos e o cantor Roberto Carlos foram notícias respectivamente pelos seus desfechos respectivos. Sílvio faleceu depois de vários dias internado, aos 94 anos incompletos, e Roberto anunciou sua aposentadoria simbólica ao decidir pelo encerramento, previsto para o ano que vem, do seu especial de Natal, principal vitrine para sua carreira. Roberto também conta com idade avançada, tendo hoje 83 anos de idade, e há muito não renova sua legião de fãs, pois há muito tempo não representa mais algum vestígio de modernidade sonora, desde que mudou sua orientação musical a um romantismo mais conservador, a partir de 1978, justamente depois de começar a fazer os especiais natalinos da Rede Globo de Televisão.  E lembremos que o antigo parceiro de composições, Erasmo Carlos, faleceu em 2022, curiosamente num caminho oposto ao do "amigo de fé ...