Por Alexandre Figueiredo
Hoje, 28 de fevereiro, está prevista a cerimônia de lançamento do livro Inventário dos Terreiros do DF e Entorno - 1ª Fase, na Praça dos Orixás, na Prainha do Lago Sul de Brasília. O local é próximo à Ponte Costa e Silva, localizado no lado esquerdo da capital federal.
É bastante curioso pesquisar e analisar os terreiros de umbanda e candomblé no atual Distrito Federal, no ano dos seus 50 anos de existência, mostrando que a atual capital do país e suas áreas próximas também servem de cenário para uma das mais antigas expressões da cultura africana no Brasil.
O evento é iniciativa da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – Seppir e da 15ª Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, localizada no Distrito Federal (IPHAN-DF). O lançamento conta também com o apoio da Federação Espírita Brasiliense e do Entorno de Umbanda e Candomblé e do Foafro-DF.
O superintendente do IPHAN no Distrito Federal, Alfredo Gastal, disse que a preocupação da instituição com a preservação dos terreiros iniciou há 25 anos, com o tombamento, em Salvador (Bahia), de uma das mais antigas casas de candomblé no país, a Casa Branca. "Nós, brasileiros, tivemos influência europeia, asiática, mas a cultura negra permeou absolutamente todos os aspectos das nossas vidas. Não podemos ignorar a importância dessa contribuição", destaca o superintendente.
A publicação, organizada pelo próprio IPHAN, e terá distribuição gratuita nas bibliotecas, nos órgãos públicos e também entre pesquisadores e interessados pelo universo do Candomblé e da Umbanda. Durante a pesquisa, as equipes do Iphan identificaram e catalogaram 26 terreiros em várias cidades do Distrito Federal e do Entorno.
Por suas características que, durante muitos anos, não foram bem aceitas pela sociedade, as casas de culto afro-brasileiras costumam se localizar em lugares mais afastados e de difícil acesso, como, por exemplo, as chácaras situadas em áreas rurais. Todas essas casas realizam constantemente festas públicas, além de prestarem a qualquer interessado o serviço de aconselhamento espiritual particular.
Uma das tradicionais casas situadas no Distrito Federal é o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá – Ilê Oxum, comandado por Railda Rocha Pitta, 72 anos — conhecida por todos como Mãe Railda. Fundado em 1972, foi construído em um amplo terreno em Valparaíso, a 45 quilômetros do centro de Brasília, por doação de um lote por um amigo pessoal de Mãe Railda.
O terreiro, que Mãe Railda concebeu por orientação de Mãe Menininha do Gantois, uma das maiores representantes femininas do candomblé, é uma das mais tradicionais da região e recebe até deputados e ministros de Estado. O prestígio de Mãe Railda a faz tornar a principal representante do candomblé no Distrito Federal, comparecendo em cerimônias oficiais que evoquem de uma forma ou de outra a cultura afro-brasileira.
Alfredo Gastal afirma que a edição do inventário é mais uma constatação de que "África e o Brasil têm laços culturais inegáveis, com importância não só na área religiosa, mas na arte, na culinária e no modo de pensar do brasileiro". Ele acrescenta que a divulgação do inventário dos terreiros existentes no Distrito Federal ajudará a reduzir o preconceito da sociedade em torno das religiões e rituais de matriz africana. "O estudo é uma forma de esclarecer quem nós somos. Não podemos aceitar no Brasil nenhum tipo de preconceito religioso, cultural ou racial. Somos feitos de uma mescla de gente de uma riqueza fantástica", conclui Gastal.
FONTES: IPHAN, BLOG ILLUSTRATUS.
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