Por Alexandre Figueiredo
Há quase um ano, foi publicado um texto sobre ele, neste link. Era a comemoração do centenário do antropólogo Claude Levi-Strauss, que faleceu no último sábado. O óbito, no entanto, foi divulgado hoje, além da informação de que o cientista social sofria do mal de Parkinson.
Suas ideias influenciaram a sociologia, a filosofia, a história, a teoria literária e, evidentemente, a própria antropologia, que se transformou decisivamente devido à abordagem estruturalista de Levi-Strauss.
Ele foi o intelectual estrangeiro convidado para lecionar na então recém-fundada Universidade de São Paulo (USP), em 1934. Depois, realizou pesquisas diversas no Centro-Oeste e Norte brasileiros, estudando várias tribos indígenas. O livro Tristes Trópicos, de 1955, é um relato abrangente destas pesquisas.
Segundo o antropólogo e coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, José Ribamar Bessa Freire, que foi aluno de Lévi-Strauss, entre 1981 e 1982 na Universidade de Sorbonne, as aulas do antropólogo eram muito concorridas, um verdadeiro show. “Em um auditório onde cabiam cerca de 300 pessoas, tínhamos que sentar no chão”, disse Bessa Freire.
Outro professor de Bessa, o antropólogo francês, ex-diretor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais, Maurice Godelier, deixava de dar aulas para assistir aos ensinamentos de Levi-Strauss. Aliás, era como se fosse lei, outros professores também paralisavam suas aulas para aprender com o antropólogo estruturalista.
Levi-Strauss influenciou bastante a antropologia brasileira. Foi um estrangeiro que se ofereceu para a "antropofagia", não o canibalismo indígena mas a absorção de lições estrangeiras para enriquecer os valores brasileiros, conforme pensava o modernista Oswald de Andrade.
Não por acaso, existe o elo entre os modernistas e a antropologia estruturalista, já que a intelectualidade modernista paulista, que transformou os valores de nosso país, preparou todo um cenário de vida intelectual que Levi-Strauss aproveitou e deu sua colaboração. Na década de 1930, lá pelo meio desse decênio, os modernistas já eram intelectuais bastante influentes, já preocupados com os povos indígenas, com a identidade nacional em seus mais diversos aspectos, com a biodiversidade regional de nosso país.
Nos últimos anos de sua vida, Lévi-Strauss viveu no mesmo no apartamento onde morou nos últimos 50 anos em Paris. Ele recebia poucos amigos.
FONTES: Portal G1 (Globo), Folha On Line.
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