Por Alexandre Figueiredo
A Literatura de Cordel, tradicional manifestação popular de origem portuguesa, tornou-se Patrimônio Cultural Brasileiro. A decisão foi tomada no último dia 19 de setembro, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Histórico, colegiado comandado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na pessoa da presidente Kátia Bogéa.
O colegiado decidiu pelo tombamento por unanimidade, em reunião realizada no Forte de Copacabana e que contou com a presença do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão e do presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira.
A Literatura de Cordel é uma atividade artística que prioriza a produção de textos poéticos, com mensagens simples que servem muitas vezes não só como expressão de poesia, mas também como textos informativos, comentando os fatos do dia e homenageando datas. Em muitos casos, também se narram obituários, homenageando o morto da ocasião.
Eventualmente, textos de prosa também são lançados. Com o tempo, a atuação tornou-se mais diversificada, sem no entanto sair da essência dessa arte impressa. Temáticas das mais diversas iam desde a crônica cotidiana até a expressão de lendas, desejos amorosos e sátiras humorísticas
O formato geralmente é de pequenas revistas ou livretos, organizadas manualmente pelo seu autor, com ilustrações simples na maioria de preto e branco, com uma concepção artística peculiar. Poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros, estes os comercializadores destas publicações.
O cordel foi introduzido na cultura brasileira no começo do século XIX. O gênero literário começou como uma manifestação artística específica no Norte e Nordeste brasileiros, principalmente nas cidades do interior. Em áreas pobres, chegam a atuar quase como veículos informativos, como os jornais, em comunidades onde ainda não se chegavam os veículos da imprensa escrita. Os livros são geralmente vendidos em pequenas barracas, pendurados por grampos de varal.
A manifestação mais típica da literatura de cordel é a sextilha poética, na qual o esquema de rimas de cada verso, em estrofes de seis versos cada, se distribuía no esquema ABCBDB. Essa poética também influenciava os cantos da poesia de cordel interpretados pelos músicos repentistas, declamadores que, de início, surgiram como divulgadores dessas revistas, usando um meio criativo de atrair compradores.
A Literatura de Cordel se ampliou em várias partes do Brasil. Atualmente, essa manifestação artística se encontra em Estados como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Em Niterói, há uma barraca de Literatura de Cordel exposta todos os fins de semana, de manhã, no Campo de São Bento.
FONTES: IPHAN, Info Escola, Folha de São Paulo, Agência Brasil.
Comentários