O SAMBISTA DIOGO NOGUEIRA NO ANÚNCIO DA MPB FM.
Por Alexandre Figueiredo
O comercialismo cada vez mais monopolista da música brega-popularesca, o "popular" comercial da música brasileira, foi favorecido no final de janeiro passado. A repentina saída da MPB FM, substituída por uma repetidora da Band News FM, causou muita indignação e deixou uma lacuna irreparável no rádio do Rio de Janeiro.
A situação já não era boa. A MPB FM não tinha uma programação ousada. Era a única rádio no setor, e antes eram duas. Mas a Nova Brasil FM saiu do ar para dar lugar à Rádio Globo que, saindo da frequência 89,5, abriu espaço para a religiosa Feliz FM.
Com o fim da MPB FM, a única maneira de ouvir MPB no rádio é sintonizando as rádios de pop adulto, que, todavia, têm que repartir as canções brasileiras com sucessos do pop estrangeiro. Fora isso, é aceitar resignadamente que a música brega-popularesca é "MPB", como desejam as elites intelectuais do Brasil, e esperar que um ídolo do ramo grave uma cover de uma canção emepebista, que fica a dever diante das gravações originais.
Infelizmente, num Rio de Janeiro tomado de crise não apenas de segurança, administração e finanças, mas também uma crise social sem precedentes no Estado - hoje sucumbido a um provincianismo inimaginável em terras fluminenses - , o rádio tornou-se referência para pautar o gosto musical das pessoas.
Diante do desempenho sofrível da Rádio Cidade como "rádio rock", pela própria mentalidade hit-parade que contribuiu para o fracasso da experiência, houve, entre os cariocas, a aberração dos "fãs de uma música só", pessoas que dizem gostar de uma banda e se contentam em ouvir um único sucesso. Como, no caso do AC/DC, a música "Back in Black".
Se isso ocorre entre os cariocas ditos "antenados", imagine diante do sumiço da MPB nas rádios. Com o crescimento da música brega-popularesca em níveis preocupantes, submetendo a música brasileira a um comercialismo voraz e, não raro, subordinado às fórmulas e regras do pop estadunidense.
Há quem diga que o fim da MPB FM é estratégico, num período que antecede o Carnaval. A medida, aparentemente fruto de reestruturação empresarial - o Grupo Bandeirantes, dono da Band News, adquiriu controle total dos 90,3 mhz - , no entanto, permitiu para que o "sertanejo universitário", o "funk" e até mesmo a axé-music, ganhassem tempo para dominar o gosto juvenil, mesmo das classes mais abastadas.
Curiosamente, a axé-music anda decaindo em Salvador, com inúmeros escândalos envolvendo não só o grupo de elite do Carnaval baiano, mas também seus derivados mais "populares" como o "pagodão" e o arrocha. Denúncias de irregularidades trabalhistas, acusações de estupro e até sonegação de IPVA sobre automóvel importado desgastaram os vários ídolos da música comercial baiana.
Com esta crise, o comercialismo musical baiano já começa a se "redistribuir" para São Paulo e Rio de Janeiro, neste caso "coexistindo" com o "funk", havendo até mesmo duetos entre seus intérpretes. Há também a formação de uma "panela" de ídolos brega-popularescos: Anitta, Luan Santana, Nego do Borel, Wesley Safadão, Marília Mendonça, entre outros que dominam o mercado.
Apesar dos "bons ventos" da chamada música de sucesso no Brasil, o que se vê é uma crise cultural, pois o que prevalece são intérpretes comerciais sem um compromisso real com o patrimônio musical brasileiro. São nomes que não representam renovação, até porque o que produzem não é arte musical, mas sucessos comerciais para serem tocados na grande mídia e seguem fórmulas de mercado.
Evidentemente, a blindagem intelectual tenta dar um status pretensamente nobre aos ídolos brega-popularescos, como se eles fossem a "outra face da MPB autêntica". Algo que pode parecer uma "ruptura de preconceito", mas representa a legitimação de um comercialismo voraz que acaba ofuscando as verdadeiras e, sim, realmente autênticas, expressões de nossa música, que cada vez mais perdem mais e mais espaços.
Com um Estado do Rio de Janeiro em crise de valores e sem espaços de ampla visibilidade na divulgação da MPB autêntica, os fluminenses veem a região do Grande Rio perder a imponência que havia na difusão da música brasileira de qualidade. Cada vez mais o Rio de Janeiro acaba se tornando apenas mais um mercado para os empresários do entretenimento musical dito "popular", que apenas produz sucessos radiofônicos e não valores musicais sólidos e expressivos.
FONTES: UOL, Quem Acontece, Caras, Blogue Fatos & Milongas, Tudo Rádio, Carta Capital.
Por Alexandre Figueiredo
O comercialismo cada vez mais monopolista da música brega-popularesca, o "popular" comercial da música brasileira, foi favorecido no final de janeiro passado. A repentina saída da MPB FM, substituída por uma repetidora da Band News FM, causou muita indignação e deixou uma lacuna irreparável no rádio do Rio de Janeiro.
A situação já não era boa. A MPB FM não tinha uma programação ousada. Era a única rádio no setor, e antes eram duas. Mas a Nova Brasil FM saiu do ar para dar lugar à Rádio Globo que, saindo da frequência 89,5, abriu espaço para a religiosa Feliz FM.
Com o fim da MPB FM, a única maneira de ouvir MPB no rádio é sintonizando as rádios de pop adulto, que, todavia, têm que repartir as canções brasileiras com sucessos do pop estrangeiro. Fora isso, é aceitar resignadamente que a música brega-popularesca é "MPB", como desejam as elites intelectuais do Brasil, e esperar que um ídolo do ramo grave uma cover de uma canção emepebista, que fica a dever diante das gravações originais.
Infelizmente, num Rio de Janeiro tomado de crise não apenas de segurança, administração e finanças, mas também uma crise social sem precedentes no Estado - hoje sucumbido a um provincianismo inimaginável em terras fluminenses - , o rádio tornou-se referência para pautar o gosto musical das pessoas.
Diante do desempenho sofrível da Rádio Cidade como "rádio rock", pela própria mentalidade hit-parade que contribuiu para o fracasso da experiência, houve, entre os cariocas, a aberração dos "fãs de uma música só", pessoas que dizem gostar de uma banda e se contentam em ouvir um único sucesso. Como, no caso do AC/DC, a música "Back in Black".
Se isso ocorre entre os cariocas ditos "antenados", imagine diante do sumiço da MPB nas rádios. Com o crescimento da música brega-popularesca em níveis preocupantes, submetendo a música brasileira a um comercialismo voraz e, não raro, subordinado às fórmulas e regras do pop estadunidense.
Há quem diga que o fim da MPB FM é estratégico, num período que antecede o Carnaval. A medida, aparentemente fruto de reestruturação empresarial - o Grupo Bandeirantes, dono da Band News, adquiriu controle total dos 90,3 mhz - , no entanto, permitiu para que o "sertanejo universitário", o "funk" e até mesmo a axé-music, ganhassem tempo para dominar o gosto juvenil, mesmo das classes mais abastadas.
Curiosamente, a axé-music anda decaindo em Salvador, com inúmeros escândalos envolvendo não só o grupo de elite do Carnaval baiano, mas também seus derivados mais "populares" como o "pagodão" e o arrocha. Denúncias de irregularidades trabalhistas, acusações de estupro e até sonegação de IPVA sobre automóvel importado desgastaram os vários ídolos da música comercial baiana.
Com esta crise, o comercialismo musical baiano já começa a se "redistribuir" para São Paulo e Rio de Janeiro, neste caso "coexistindo" com o "funk", havendo até mesmo duetos entre seus intérpretes. Há também a formação de uma "panela" de ídolos brega-popularescos: Anitta, Luan Santana, Nego do Borel, Wesley Safadão, Marília Mendonça, entre outros que dominam o mercado.
Apesar dos "bons ventos" da chamada música de sucesso no Brasil, o que se vê é uma crise cultural, pois o que prevalece são intérpretes comerciais sem um compromisso real com o patrimônio musical brasileiro. São nomes que não representam renovação, até porque o que produzem não é arte musical, mas sucessos comerciais para serem tocados na grande mídia e seguem fórmulas de mercado.
Evidentemente, a blindagem intelectual tenta dar um status pretensamente nobre aos ídolos brega-popularescos, como se eles fossem a "outra face da MPB autêntica". Algo que pode parecer uma "ruptura de preconceito", mas representa a legitimação de um comercialismo voraz que acaba ofuscando as verdadeiras e, sim, realmente autênticas, expressões de nossa música, que cada vez mais perdem mais e mais espaços.
Com um Estado do Rio de Janeiro em crise de valores e sem espaços de ampla visibilidade na divulgação da MPB autêntica, os fluminenses veem a região do Grande Rio perder a imponência que havia na difusão da música brasileira de qualidade. Cada vez mais o Rio de Janeiro acaba se tornando apenas mais um mercado para os empresários do entretenimento musical dito "popular", que apenas produz sucessos radiofônicos e não valores musicais sólidos e expressivos.
FONTES: UOL, Quem Acontece, Caras, Blogue Fatos & Milongas, Tudo Rádio, Carta Capital.
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