Por Alexandre Figueiredo
O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) aprovou, por unanimidade, o reconhecimento do carimbó, ritmo folclórico do Pará, como patrimônio cultural do Brasil.
A decisão foi feita hoje de manhã durante a 76a. reunião do Conselho Consultivo, na sede do IPHAN, em Brasília. Estavam presentes todos os 22 conselheiros que aprovaram o projeto e cujo parecer foi lido pela relatora do registro, a antropóloga Lúcia Velthem.
Afirmando a importância regional do carimbó para o povo paraense, Lúcia declarou também que o carimbó passa a ter seu valor simbólico representado também em todo o país, permitindo sua divulgação fora do território paraense.
Com a aprovação do registro do carimbó como patrimônio nacional, todas as suas formas nos aspectos cultural, artístico, ambiental, social e histórico e suas relações com a região amazônica passam a fazer parte do Livro de Registro das Formas de Expressão, um dos vários livros que registram as manifestações artísticas e culturais do país.
"O Estado, junto com os detentores desta prática, é agora um parceiro na manutenção, na salvaguarda e na vitalidade desse bem. Eu acho que, tanto quanto o reconhecimento do Carimbó, potencialmente beneficia os detentores, beneficia sobretudo o país, que pode se reconhecer, nesse amplo território, em valores culturais que representam sua unidade", declarou a presidenta do IPHAN, Jurema Machado, a respeito da importância da diversidade cultural no país.
Representantes de comunidades carimbozeiras e artistas tradicionais ligados ao ritmo estiveram presentes na reunião e fizeram declarações celebrando o seu reconhecimento pelo IPHAN. O Conselho Consultivo é composto por membros de várias entidades ligadas ao patrimônio e meio-ambiente, sob a presidência do titular do IPHAN, no caso Jurema Machado.
As entidades envolvidas são: Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Ministério da Educação, Ministério das Cidades, Ministério do Turismo, Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, Associação Brasileira de Antropologia – ABA e treze membros da sociedade civil.
O carimbó, de origem indígena, surgiu através da corruptela do nome do tambor utilizado para o ritmo, o "korimbó", termo de origem Tupi. O tambor é feito de madeira oca e coberto, numa de suas extremidades, de pele de couro de veado. Com o tempo, o tambor deu nome ao ritmo e à dança praticados a partir desse instrumento.
Quanto à expressão coreográfica, o carimbó envolve passos caraterísticos de casais de dançarinos, que usam um figurino peculiar de estampas vibrantes e cujas mulheres se destacam pelas saias rodadas. Além do tambor do carimbó, outros instrumentos são tocados, como banjo e chocalhos.
O anúncio foi transmitido, no mesmo dia, durante uma cerimônia realizada na Fundação Centro Cultural do Pará Tancredo Neves, conhecido como Centur, que contou com a presença da ministra da cultura, Marta Suplicy, que pretende também tornar o carimbó reconhecido como patrimônio internacional.
"O carimbó é uma manifestação que tem capilaridade no Pará, mas que agora não será mais só do Estado, e sim, do Brasil todo. Com a chancela de hoje, temos como gestores a obrigação de manutenção e preservação desse bem cultural. O próximo passo é levar para apreciação na Unesco para ter uma chancela internacional, como foi feito como frevo", declarou a ministra.
FONTES: IPHAN, Portal G1.
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