Por Alexandre Figueiredo
Na última segunda-feira, o governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou a demolição do Museu do Índio, situado ao lado do Estádio Mário Filho, o Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro. Informado do anúncio, a Defensoria Pública da União entrou com uma ação civil pública pedindo que o museu seja tombado.
O anúncio da demolição do prédio pelo governo fluminense teve como justificativa a intenção de atender aos padrões internacionais de construção de estádios, já que a área serviria, nesse raciocínio, para criar um amplo acesso de saída dos frequentadores do estádio.
O governo estadual ainda acrescentou que irá assinar a declaração de compra do terreno, avaliado em R$ 60 milhões, para efetuar o processo de demolição e construir o acesso no museu, em cuja área existe também uma comunidade indígena.
Abandonado há 33 anos, o Museu do Índio foi criado pelo antropólogo Darcy Ribeiro, em 1953, para guardar acervos relacionados à cultura indígena, pesquisas etnográficas e outros documentos, com o objetivo de promover uma abordagem dos indígenas brasileiros desprovida dos preconceitos etnocêntricos muito comuns no passado.
Sem reformas, o museu até mantém a estrutura de seu prédio principal, depois que a instituição deixou o prédio, 25 anos após sua fundação. Mas o risco de demolição do terreno pode também afetar a vida das 17 tribos que vivem nele. Os indígenas se instalaram no terreno com o objetivo de tentar salvar o museu.
FIFA - A Federação Internacional de Futebol Association (FIFA) desmentiu que tenha ordenado o governo do Estado do Rio de Janeiro a demolir o Museu do Índio para a construção de um acesso de saída do Maracanã.
Em nota divulgada, a Fifa acrescentou que a preservação de edifícios de reconhecido valor artístico e cultural está de acordo com as exigências da Fifa para a preparação das cidades brasileiras para a realização da Copa de 2014.
O defensor André Ordacgy, que entrou com a ação civil pública, afirmou que o museu tem reconhecido valor histórico, cultural e arquitetônico, e afirmou que existe um laudo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia que dá ênfase à importância do terreno e garante que sua área não compromete a circulação de pessoas no estádio.
O defensor pretende também mover uma outra ação civil pública para pedir a permanência dos índios no terreno, já que as tribos vivem há pouco mais de cinco anos no lugar e, segundo a lei, têm direito ao usucapião.
Fonte: G1, Museu do Índio.
Comentários