Pular para o conteúdo principal

IPHAN FEZ REUNIÃO SOBRE CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR ANTES DA ÚLTIMA TRAGÉDIA


CASARÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR, QUE DESABOU ONTEM, MATANDO QUATRO PESSOAS.

Por Alexandre Figueiredo

A tragédia que aconteceu no Centro Histórico de Salvador, mais precisamente no bairro do Comércio, na madrugada de ontem, ocorreu horas depois do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, na sua 7ª Superintendência Regional, sediada em Salvador, ter realizado uma reunião para discutir políticas de recuperação do Centro Histórico.

As reuniões, promovidas pelo vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, junto aos representantes do IPHAN, têm como pauta a recuperação do Centro Histórico, mas a reunião enfatizou prédio e área sem qualquer relação com a área dos últimos desabamentos, na região da Conceição da Praia, no Comércio. O prédio e a área analisados no debate e objetos do plano de reformas foram o Teatro Gregório de Matos e a área de acesso no Pelourinho.

A Fundação Mário Leal Ferreira, (FMLF), ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Sedham), é responsável pelo projeto e já fez convênio com a SUCOP (Superintendência de Conservação e Obras Públicas) para a conclusão da reforma do teatro.

No projeto, estão previstas obras de recuperação e modernização, que no entanto respeitem as intervenções originais feitas pela arquiteta paulista Lina Bo Bardi no teatro, principalmente a famosa escadaria de madeira.

Os acessos incluem um corredor de vidro ligando o corredor do teatro até o calçadão, um novo desenho da calçada ligando o Teatro Gregório de Matos ao Espaço Unibanco e ao Espaço Cultural da Barroquinha, e será também construído um edifício-garagem de quatro andares, com capacidade para 450 vagas, com entrada na Rua José Joaquim Seabra, na Barroquinha.

O piloto das pistas de acesso será nas ruas Maciel de Baixo, Maciel de Cima, do Açouguinho e parte da Frei Vicente, além do Largo do Pelourinho. Incluirá não só acesso para deficientes, mas também para idosos e até mesmo carrinhos de bebês.

O grande problema disso tudo é que as autoridades do IPHAN foram mais uma vez surpreendidas pela tragédia de outro casarão desabando, matando quatro pessoas que viviam no local. Não seria uma forma de alertar as autoridades quanto a mudanças nos critérios de preservação patrimonial?

Um jovem superintendente do IPHAN em Salvador, que declarou com estranha firmeza a impossibilidade de recuperar os prédios históricos degradados - que a Defesa Civil do município estima em pelo menos 111 construções - , teria sido afastado depois que a UNESCO ameaçou retirar o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, substituído por um especialista e professor universitário.

Até agora, não há uma posição oficial quanto às reformas dos prédios condenados pela Defesa Civil situados no Centro Histórico. Até ontem, o laudo sobre a tragédia da última terça-feira não foi concluído, mas o motivo provável está relacionado à má conservação do casarão.

FONTES: Site Bem Informado, A Tarde On Line.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A POLÊMICA DA HISTÓRIA DAS MENTALIDADES

Por Alexandre Figueiredo Recentemente, a mídia lançou mão da história das mentalidades para legitimar tendências e ídolos musicais de gosto bastante duvidoso. O "funk carioca", o pagode baiano, o forró-brega, o breganejo e outros fenômenos comerciais da música feita no Brasil sempre lançam mão de dados biográficos, de sentimentos, hábitos pessoais dos envolvidos, chegando ao ponto da ostentação da vida pessoal. Também são mostradas platéias, e se faz uma pretensa história sociológica de seus fãs. Fala-se até em "rituais" e as letras de duplo sentido - na maioria das vezes encomendada por executivos de gravadoras ou pelos empresários dos ídolos em questão - são atribuídas a uma suposta expressão da iniciação sexual dos jovens. Com essa exploração das mentalidades de ídolos duvidosos, cujo grande êxito na venda de discos, execução de rádios e apresentações lotadas é simétrico à qualidade musical, parece que a História das Mentalidades, que tomou conta da abordagem his

O RESSENTIMENTO "POSITIVO" DE UMA ESQUERDA FESTIVA E VIRA-LATA

ROGÉRIO SKYLAB ENTREVISTA O PARCEIRO MICHAEL SULLIVAN NO PROGRAMA APRESENTADO PELO PRIMEIRO, MATADOR DE PASSARINHO, DO CANAL BRASIL. Por Alexandre Figueiredo Estranha a esquerda que exerce o protagonismo nos governos de Lula. Uma esquerda não apenas de perfil identitário, o que já causa estranheza, por importar um culturalismo próprio do Partido Democrata, sigla da direita moderada dos EUA. É uma esquerda que prefere apoiar alguns valores conservadores do que outros, mais progressistas, mas vistos erroneamente como "ultrapassados". Trata-se de uma esquerda que, no ideário marxista, se identifica com o perfil pequeno-burguês. Uma "esquerda" de professores, artistas ricos, celebridades, socialites, jornalistas da grande mídia, carregados de um juízo de valor que destoa das causas esquerdistas originais, por estar mais voltado a uma visão hierárquica que vê no povo pobre um bando de idiotas pueris. Essa esquerda está distante do esquerdismo tradicional que, em outros t

OS TATARANETOS DA GERAÇÃO DA REPÚBLICA VELHA

Por Alexandre Figueiredo O que faz a elite que apoia incondicionalmente o governo Lula e obtém hábitos estranhos, que vão desde falar "dialetos" em portinglês - como na frase "Troquei o meu boy  pelo meu dog " - até jogar comida fora depois de comer cinco garfadas de um almoço farto, ser comparável às velhas elites escravocratas, fisiológicas e golpistas do passado, incluindo a "cultura do cabresto" das elites da República Velha? Apesar do verniz de modernidade, progressismo e alegria, a elite que obteve o protagonismo no cenário sociocultural comandado pelo atual mandato de Lula - que sacrificou seus antigos princípios de esquerda preferindo artifícios como a política externa e o fisiologismo político para obter vantagens pessoais - , trata-se da mesma sociedade conservadora que tenta se repaginar apenas expurgando os radicais bolsonaristas, hoje "bodes expiatórios" de tudo de ruim que aconteceu na História do Brasil. A mediocrização cultural, a