Por Alexandre Figueiredo
A Feira de São Cristóvão, tradicional espaço de cultura nordestina na Zona Norte do Rio de Janeiro, é considerada patrimônio cultural. O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, sancionou a lei, lançada pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e aprovado em votações na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
O tombamento veio em bom momento, uma vez que a Feira de São Cristóvão, que desde 2003 ganhou o nome de Centro Cultural Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas e também é conhecido popularmente como Feira dos Nordestinos ou Feira dos Paraíbas, estava ameaçada de ser despejada do Pavilhão de São Cristóvão, que abriga o evento, por causa de uma dívida de R$ 400 mil da Prefeitura do Rio de Janeiro com o Ecad. Com o tombamento, a Riotur não pode mais intervir no despejo da feira.
A feira é composta de aproximadamente 700 barracas relacionadas a diversas modalidades da cultura nordestina, como culinária, artesanato, trios, bandas de forró, dança, cantores, poetas populares, repente e literatura de cordel. A feira é visitada, mensalmente, por cerca de 250 mil pessoas, sejam elas turistas, cariocas ou mesmo os próprios nordestinos que desejam ver um pouco de sua região no evento.
A aprovação do título de patrimônio cultural é resultante de um projeto de pesquisa levantado desde 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e o próprio superintendente do IPHAN no Rio, Carlos Fernando de Andrade, orientou e apoiou os feirantes, que elaboravam propostas para o tombamento, além de fornecer informações e depoimentos que sirvam para compor o inventário necessário para o estudo feito para reconhecimento de seu valor patrimonial.
Depois de transformar a Feira de Caruaru (PE), a maior feira do Nordeste, em patrimônio cultural, o reconhecimento da Feira de São Cristóvão sob o mesmo status fortalece a imagem da cultura nordestina e a importância do patrimônio imaterial da região. A política de Patrimônio Imaterial, baseada na lei 3551/2000, que instituiu um programa nacional para o setor, envolve bens culturais relacionados a crenças, valores sociais, lendas, rituais e hábitos que determinam a identidade cultural de cada povo.
A sanção pelo presidente Lula também leva em conta o fato do próprio chefe do Executivo ser, ele mesmo, natural da região Nordeste. O coordenador de Comunicação e Projetos Especiais da Feira de São Cristóvão, Gilberto Teixeira, planeja convidar o presidente para as festas de 65 anos da Feira, a serem comemorados em setembro.
Surgida em 02 de setembro de 1945, a Feira de São Cristóvão teria surgido por iniciativa de um dono de um armazém nas redondezas, chamado João Gordo, que viu na iniciativa uma oportunidade de negócios e então estendeu no chão uma série de produtos da terra-natal, trazidos sob encomenda pelos conterrâneos que desembarcavam no campo de São Cristóvão. Ele e outros nordestinos conhecidos como Índio, seu Doge e Macaco, são considerados fundadores da Feira de São Cristóvão.
Atualmente, a Feira de São Cristóvão funciona às terças, quartas e quintas, das 10 às 18 horas, e no intervalo direto das 10 horas de sextas às 20 horas de domingo.
FONTES: Blog Guta Chaves Gastronomia, Jornal do Brasil, O Dia, Blog Sidney Rezende.
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