Por Alexandre Figueiredo
O Mosteiro de São Bento, localizado nos arredores da Rua Dom Gerardo, próximo à Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro, reinaugurou, no último dia 08, duas capelas que foram restauradas, a Capela-mor e a do Santíssimo. Na cerimônia, dedicada ao dia de Nossa Senhora de Monteserrate, estavam presentes, entre outros, o diretor de Patrimônio do Mosteiro, Mauro Fragoso, e o superintendente do IPHAN no Rio, Carlos Fernando Andrade.
Na ocasião, o IPHAN entregou ao Mosteiro um inventário com quase 2,5 mil peças relacionadas à igreja e originárias dos séculos XVIII e XIX. O inventário tem dez volumes, com todas as informações sobre tais peças. De acordo com Andrade, o inventário facilitará na segurança e na identificação dos objetos no caso de roubo. “Qualquer problema e qualquer eventual furto de algum determinado bem a gente sabe imediatamente identificar, mostrar à imprensa, à polícia, enfim, dar publicidade de que aquele bem foi subtraído e que não deve ser comprado e, se possível, devolvido ao seu legítimo dono”, diz o superintendente do IPHAN.
O conjunto arquitetônico do Mosteiro de São Bento é considerado um dos mais ricos do país. Situa-se no Morro de São Bento, vizinho à Zona Portuária. Foi fundado em 1590 por um grupo de monges beneditinos vindos da Bahia. Foi nesse ano que os monges ganharam das autoridades um vasto terreno para a construção do complexo arquitetônico.
Esta foi a terceira etapa concluída das obras de recuperação de todo o Mosteiro. “Primeiro foi feita a recuperação do telhado, depois da nave e, agora, das capelas. Esses projetos foram todos feitos com recursos da Lei Rouanet”,esclarece Andrade. Os investimentos desses recursos foram de R$ 2,4 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e as obras desta fase de restauração duraram cerca de um ano e meio.
Com Mauro Fragoso explicou detalhes sobre o andamento das obras. “O trabalho incluiu a restauração de toda a talha de madeira, do conjunto de pinturas que mostra a devoção mariana à ordem beneditina e das esculturas dos dois anjos tocheiros que ficam na entrada, esculpidos pelo mestre Antonio Teles e sua oficina, em 1773. O interessante é que o mestre era escravo”, disse.
Dom Mauro acrescenta que a maior dificuldade foi a descupinização das capelas. Ele reclamou também da demora que havia nos investimentos às reformas, já que a fase anterior da restauração foi em 1992. No entanto, Dom Mauro afirma que já estão em andamento as obras de restauração das demais capelas.
A restauração motivou a elaboração de todo o inventário do Mosteiro, até mesmo pelos riscos existentes durante os trabalhos de restauro. “Sempre que uma igreja ou museu vai entrar em reforma, tem-se por precaução fazer o inventário de todos os seus bens. A fase de obras traz fragilidade na segurança dos patrimônios históricos, com o entra e sai de gente e de material de entulho. Se, em algum momento, dermos falta de algum objeto, temos como identificá-lo e fornecer informação para a Polícia Federal", afirmou o superintendente da 6ª SR do IPHAN.
Entre as obras inventariadas, estão um ostensório (onde é colocada a hóstia) que data de 1634, uma pintura da Santa Ceia original do século XVIII e uma escultura de Nossa Senhora do Rosário.
O complexo do Mosteiro de São Bento conta também com um colégio, o Colégio São Bento, que, fundado em 1858, formou ao longo do tempo várias personalidades como o compositor Pixinguinha, o militar e político Benjamin Constant, o jornalita Antônio Silva Jardim (cujo sobrenome é conhecido hoje através de um município fluminense) e o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos.
FONTES: RJTV (Rede Globo), Defender (Defesa Civil do Patrimônio Histórico), Wikipedia.
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