Por Alexandre Figueiredo
Entre 04 e 22 de abril, realiza-se, no Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília, a exposição comemorativa da conquista da auto-suficiência do Brasil na produção de petróleo. O evento, dividido em sete ambientes, utiliza alta tecnologia visando mostrar a história do petróleo brasileiro através de uma linguagem multimídia. Através dessa história, a Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A) mostra os caminhos que levaram a essa conquista expressiva na economia brasileira, numa época em que o petróleo é um dos bens naturais raros e cuja disputa provoca conflitos bélicos, principalmente no Oriente Médio. Alguns dos maiores produtores de petróleo no planeta se situam nessa região: a Arábia Saudita, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Líbia. Na América Latina, a Venezuela, hoje governada pelo socialista Hugo Chavez, é o maior produtor de petróleo. O Brasil ainda não alcançou o ranking dos dez maiores do mundo.
Através dos 20 minutos que compõem a mostra, os visitantes conhecem cada etapa da história do petróleo e da Petrobras, correspondente a um de cada sete ambientes. O primeiro deles se intitula "Do pioneirismo à criação da Petrobras", cujo destaque é uma televisão antiga, como as dos anos 50, diante da qual foi inserida uma linha do tempo, com os marcos da história do petróleo até o ano de 1953, quando a Petrobras foi fundada. Vídeos, filmes e fotos correspondentes ao período são mostrados.
A segunda etapa, "A nascente de um sonho nos chãos da Bahia", é voltada aos anos 60, e se relaciona aos desafios de encontrar petróleo e de efetivar os trabalhos de exploração. Um documentário mostrará as dificuldades sofridas e a ajuda de técnicos norte-americanos que colaboraram para a superação de dificuldades, sobretudo técnicas, auxiliando na criação da primeira refinaria para petróleo importado, a Refinaria Landulpho Alves (homenagem ao ex-governador baiano, defensor do monopólio estatal de petróleo), na Bahia, estado onde foram encontradas as primeiras reservas de petróleo, no bairro de Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador.
Esta etapa também mostra o começo do processo de expansão da malha de refino de petróleo, assim como a criação da subsidiária da Petrobras, a Petrobras Distribuidora S/A, no ano de 1971. Um dos destaques da exposição desta etapa é a presença, no cenário, de uma bomba de gasolina real.
A terceira etapa, intitulada "Ouro negro no fundo das águas", dá uma amostra dos trabalhos da Petrobras, mencionando as refinarias de Campos (RJ), do Espírito Santo e de Santos (SP). Há uma simulação de uma plataforma de petróleo em atividade, incluindo o som de máquinas trabalhando, ruído de chamadas em alto falantes, apito de navio, equipamentos mecânicos em funcionamento e até cheiro de maresia. O visitante passa por uma passarela de piso metálico de grade, semelhante a das plataformas, onde se reconstitui, em projeção, até a visão do mar projetado. Esta passagem parece o corredor de uma plataforma, com corrimão dos dois lados e uma pequena movimentação para cima e para baixo.
A quarta etapa, intitulada "Do azul do mar a um oceano verde", adota uma temática ambiental. Mostra os trabalhos da Petrobras em relação ao meio-ambiente e seus cuidados pela preservação ambiental. O mestre de cerimônias virtual esclarece os visitantes a respeito dos trabalhos da instituição na região amazônica e as dificuldades encontradas, sobretudo de ordem logística. Esta etapa também destaca o novo ciclo de progresso na região amazônica, conseqüente da atuação da Petrobras na área.
A quinta etapa, sob o título de "A inovação ampliando horizontes", esclarece a respeito das atividades tecnológicas da Petrobras, o desenvolvimento de seu laboratório harmonizando aperfeiçoamento técnico, tecnológico e preservação ecológica. Além disso, esta etapa mostra também o empenho na ampliação da rede de dutos (tubulações) e esclarece a respeito da Gasolina Podium, combustível produzido pela instituição. Ilustrando a contribuição da Petrobras na Fórmula 1, principal competição de automobilismo do mundo, é exibido no ambiente o carro da equipe Williams. No ambiente, é projetada a maquete virtual do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes).
A sexta etapa é dedicada à expansão da Petrobras para outros países, além do crescimento da empresa em áreas distantes dentro do Brasil e do aumento de postos de combustíveis e de terminais aquaviários e terrestres. É exibido um mapa virtual mostrando todos os países onde a Petrobrás atua e todas as unidades componentes.
A sétima, por sua vez, mostra um mosaico informando sobre os recursos energéticos mais recentes: biodiesel, gás natural, energia eólica, entre outros. É mostrado o processo de fabricação de combustíveis, além de esclarecer a respeito das matérias-primas dessas energias, como o girassol, os grãos de mamona e a soja.
Finalmente, a mostra também informa sobre a função da Petrobras no investimento em patrocínios a projetos sociais, ambientais, esportivos e culturais, mostrando um mosaico dos projetos patrocinados e das conquistas recebidas.
A Petrobras é uma empresa estatal de economia mista, com valor de mercado em bolsas de valores superior a 100 milhões de dólares. Foi criada em 03 de outubro de 1953, pelo governo Getúlio Vargas, que promulgou a Lei N° 2004, que regulamentava a exploração do petróleo brasileiro e determinava a criação da instituição.
A HISTÓRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL
1858: Realizam-se as primeiras pesquisas para verificar a presença de petróleo no Brasil.
1897: O fazendeiro Eugênio Ferreira de Camargo explora o primeiro poço de petróleo do Brasil, na região de Bofete, no estado de São Paulo.
1938: Criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), que considera as jazidas minerais bens da União, mesmo sem terem sido localizadas.
1939: Descoberto petróleo no subúrbio de Lobato, em Salvador (BA), região que viria a ser a primeira grande reserva nacional de petróleo no Brasil.
1946: O presidente Eurico Gaspar Dutra envia ao Congresso Nacional o projeto de regulamentação do uso de petróleo no país, ato que fortalece as campanhas pelo petróleo brasileiro, cujo lema foi "O Petróleo é Nosso".
1953: Getúlio Vargas sanciona em 03 de outubro a lei 2.004, que criou a Petrobras.
1956: O logotipo da Petrobras é exibido pela primeira vez numa competição automobilística, a Mil Milhas Brasileira, realizada no autódromo de Interlagos, em São Paulo.
1961: Divulgado o relatório Link, feito pelo geólogo norte-americano Walter Link, que apresenta dados pessimistas sobre as reservas terrestres do país.
1973: O primeiro choque do preço do petróleo.
1974: Descoberto petróleo na Bacia de Campos
1975: Adoção dos contratos de risco, assinados entre a Petrobras e empresas privadas para intensificar a pesquisa de novas jazidas.
1979: O segundo choque do petróleo
1997: O governo sanciona a Lei 9.478, quebrando o monopólio da Petrobras; primeiro milhão de barris diários.
2000: Recorde mundial na produção em águas profundas (1.877 metros).
2000: Em dezembro, a instituição, presidida por um francês naturalizado brasileiro, Henri Reichtul, ameaçou mudar seu nome para Petrobrax, visando o mercado exterior. No entanto, a medida causou indignação na opinião pública, tanto por romper com a tradicional imagem da empresa, quanto por sugerir uma possível privatização da companhia. A medida foi descartada no ano seguinte, após a saída de Reichtul.
2001: Desastre da plataforma P-36, em Campos (RJ), com vários mortos. Segundo o professor Ricardo Antunes, a tragédia foi conseqüência das pressões no desempenho profissional baseadas na dinâmica neoliberal vigente.
2003: A Petrobras compra Perez Companc Energía (PECOM Energía S.A.) a segunda empresa petroleira da Argentina com operaçoes em Bolivia, Peru, Venezuela e Brasil.
2006: A Petrobras começou, oficialmente, a operar no Paraguai.
2006: A Petrobras consegue a auto-suficiência em petróleo.
2006: A Petrobras encontra problemas na exploração do petróleo na Bolívia, porque o presidente Evo Morales, discípulo da linha nacionalista do venezuelano Hugo Chavez e do cubano Fidel Castro, decidiu nacionalizar a exploração de petróleo naquele país.
2007: Em março de 2007, a Petrobras, juntamente com a Braskem e a Ultrapar, adquiriu o Grupo Ipiranga pelo valor de quatro bilhões de dólares, assumindo a rede de distribuições da empresa no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A transação é alvo de investigação de vazamento de informação, já que as ações do Grupo Ipiranga foram negociadas em volume maior do que o normal na semana que antecedeu a compra.
Fontes: Revista Museu, Petrobras, Wikipedia.
Referência Bibliográfica: MOURA, Gerson. A campanha do petróleo. Série Tudo é História. São Paulo: Brasiliense, 1986.
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