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AS ESQUERDAS E SEU PRECONCEITO "SEM PRECONCEITOS"


Por Alexandre Figueiredo

Diz o ditado popular que "só se dá valor a alguma coisa quando a perde". De um processo longo, embora cronologicamente curto, mas dinâmico em fatos, iniciado por volta de 2013, com crises sociais, econômicas, culturais e políticas que balançaram o Brasil e continuam balançando até hoje, não o balanço das danças, porém o balanço comparável aos terremotos, muita coisa se perdeu.

Da perda do protagonismo político das esquerdas até o falecimento de figuras diversas, como Paulo Henrique Amorim, Moraes Moreira, Sérgio Sant'Anna, Aldir Blanc, Walter Franco, Beth Carvalho, entre tantos e tantos outros, revela um Brasil não só politicamente caótico, mas culturalmente debilitado.

E essa debilidade, por incrível que pareça, tem como um dos fatores a campanha do "combate ao preconceito", uma "pegadinha" na qual intelectuais patrocinados ou integrados à mídia corporativa invadiram a mídia de esquerda para fazer o seu proselitismo em prol de um Brasil "mais brega".

A utopia de que a "cultura" popularesca iria trazer a revolução social para os brasileiros foi acolhida em quase unanimidade, de uma forma bastante assustadora. A abordagem era unilateral, e não havia quem tivesse a visibilidade suficiente para se contrapor ao discurso hegemônico de que o brega-popularesco era a "verdadeira cultura popular".

A campanha do "combate ao preconceito", embora tenha precedentes estimados, pelo menos, mais ao passado em 1996, com o texto "Esses Pagodes Impertinentes...", do antropólogo e historiador baiano Milton Moura, e, na posteridade, como em 2017, quando a acadêmica Ivana Bentes, comentando o clipe "Vai Malandra", de Anitta, afirmou que "a bunda é sujeito, não objeto", prevaleceu como discurso hegemônico entre 2002 e 2014.

Em 2002, havia a ascensão de uma intelectualidade que se dizia cansada de aderir às tendências críticas dos intelectuais que, durante os anos 1990, rejeitavam os fenômenos popularescos que se tornaram hegemônicos não só no chamado gosto popular, como começavam a penetrar alguns setores das classes abastadas, como universitários, inicialmente acolhendo referenciais bregas como provocação, para depois levar a sério demais a iniciativa.

SUPREMACIA POPULARESCA INICIADA NOS ANOS 1990

A hegemonia de São Paulo no imaginário popular, através das programações popularescas transmitidas em rede nacional pela Record e pelo SBT, foi impulsionada para um contexto kitsch - o "grotesco" transformado em algo "sofisticado", segundo Umberto Eco - a partir de nomes que acolheram a breguice inicialmente de forma cômica, como Premeditando o Breque e os primórdios dos Titãs, nos anos 1980, e, depois, de maneira glamourizadora, através de performances da gaúcha Adriana Calcanhoto.

Junto a isso, havia também uma tendência das universidades passarem a estudar as novelas como "fenômeno sociológico viável", o que, em si, não é problemático, mas havia o risco de "gourmetizar", via processo acadêmico das teses de pós-graduação, a chamada "cultura de massa". Nessa mesma época, a MPB reconhecia em Roberto Carlos como um "modernizador" da música brasileira, através de sua contribuição para a Jovem Guarda e pelas temáticas de romantismo simples e direto das canções.

Ainda havia, nos anos 1990, tendências de acadêmicos e jornalistas em reprovar fenômenos como os programas policialescos, da linha do Aqui Agora, que a partir da segunda metade da mesma década gerou derivados como Cidade Alerta e o apresentador Ratinho.

Da mesma forma, vimos também a hipersexualização do corpo feminino, simbolizada pelas "musas" da Banheira do Gugu, do falecido Gugu Liberato, do grupo É O Tchan e do, segundo Arnaldo Jabor, "fazendeiro de bundas" Luciano Huck, na época apresentador da TV Bandeirantes, que foram a Tiazinha e a Feiticeira, personagens respectivamente de Susana Alves e Joana Prado, depois abandonando o "erotismo" midiático para se casarem com esportistas e terem filhos.

Também houve, até 2002, a indignação intelectual pela qual se rejeitava a supremacia conquistada pelos ídolos popularescos, através de uma geração neo-brega de nomes como Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires, Belo, Zezé di Camargo & Luciano, Mastruz Com Leite, Frank Aguiar, Raça Negra, Latino, Leandro & Leonardo, João Paulo & Daniel e tantos outros, que em maioria combinavam o brega dos anos 1970 com clichês da MPB pasteurizada dos anos 1980.

Neste sentido, podemos também lembrar do trabalho da revista Bizz, depois reeditado pela MTV em 2001-2002, de rejeição da música brega-popularesca, seja o caso oitentista da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, sejam os neo-bregas dos anos 1990, dos quais houve uma tendência, fracassada, de "emepebizar" o "pagode romântico" e o "sertanejo", forçando o vínculo à MPB através de covers e duetos com emepebistas, para fins tendenciosamente mercadológicos.

A bronca que havia dos intelectuais contra a supremacia popularesca nos anos 1990 era motivada pelo fato de que o Rock Brasil e a MPB autêntica perderam seus espaços para a multidão popularesca que vinha "em série", como lotes de mercadorias manufaturadas. A situação havia mudado radicalmente quando jovens suburbanos que, em 1989, ouviam Nenhum de Nós e Engenheiros do Hawaii, em 1992 já estavam preferindo Só Pra Contrariar e Leandro & Leonardo.

"BOM" ETNOCENTRISMO

As narrativas frequentes passaram a mudar, com intelectuais como Ruy Castro, Muniz Sodré, Deoclécio Luz e outros perderem o espaço nos debates públicos para a turma apologista iniciada por Paulo César de Araújo, com seu livro Eu Não Sou Cachorro Não, que se valeu de uma teoria conspiratória: a de que os ídolos cafonas "causavam incômodo" para a ditadura militar.

A narrativa combinava vitimismo e ressentimento. Ela relatava o sucesso comercial dos ídolos popularescos entre o grande público, que não tinha o "devido reconhecimento" da crítica especializada, associada a expressões "elitistas" da Música Popular Brasileira, às quais o "bode expiatório" seria o cantor Chico Buarque de Hollanda e o pessoal da Bossa Nova, e, às vezes, o Tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, apesar do apoio destes à música cafona.

Era uma mistura de vitimismo e ressentimento porque a narrativa que começou em Paulo César de Araújo e se seguiu por um grande lobby de acadêmicos, jornalistas, músicos, atores e outros agentes culturais que tinham como objetivo expressar um "bom etnocentrismo", atribuindo à "cultura" brega-popularesca, não só musical como comportamental, a uma "cultura popular" supostamente verdadeira.

Essa era a consagração de uma leitura "generosa" das elites intelectuais, que receberam ainda o reforço da narrativa "provocativa" de Pedro Alexandre Sanches, jornalista criado pelo Projeto Folha, e Hermano Vianna, irmão do músico Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso), com suas análises "técnicas" sobre as "periferias" e a "interatividade" lúdica dos fenômenos popularescos.

Com isso, criou-se uma narrativa confusa e não raro panfletária, mas que se sustentava por enunciados "científicos" sobre a "cultura das periferias" e suas simbologias, tomando emprestado recursos analíticos da Antropologia - especialidade de Vianna - que, aliados ao discurso "libertário" que Sanches fazia na mídia de esquerda (em que pese a identificação do jornalista com ideias do pensador neoliberal Francis Fukuyama, aplicadas na cultura brasileira), completavam a tarefa ideológica de Araújo.

A campanha do "combate ao preconceito", portanto, usava um aparato sofisticado para envernizar ideias cheias de equívocos e contradições. Recursos narrativos tomados do Novo Jornalismo de Tom Wolfe e da História das Mentalidades de Marc Bloch temperavam monografias, reportagens e documentários, dando a eles não só um aparato requintado para seu marketing ideológico, mas um aparato de "objetividade científica" para respaldar e blindar as suas teses.

Entre as contradições apresentadas, a própria essência do "combate ao preconceito" já expressou de maneira grave, sem um contraponto que pudesse identificar tais impasses: pedia-se o "fim do preconceito" através da aceitação, por um público supostamente mais qualificado, de formas de suposta expressão popular que já surgiram preconceituosas, com a glamourização da pobreza e da ignorância manifestas pelos fenômenos popularescos.

Esse discurso foi produzido por elites intelectuais treinadas pelos meios acadêmicos ligados ao PSDB, nos anos 1990, mas, na década seguinte, buscaram um vínculo pretensioso e condicional aos governos do Partido dos Trabalhadores, visando desde o enfraquecimento das manifestações populares, definindo, falsamente, o entretenimento popularesco como um "ativismo popular" em si - , até mesmo a arrecadação de verbas estatais do PT para organizações e projetos.

Exemplo dessa arrecadação foi uma matéria divulgada em 2012 pelo jornalista Ancelmo Góis, de O Globo, revelou que os apoios à esquerda de Pedro Alexandre Sanches visavam obter recursos, previstos pela antiga Lei Rouanet, para financiar o portal Farofafá. Por ironia, a ministra da Cultura, na época, era a irmã de Chico Buarque, Ana de Hollanda. Sanches criticava muito os dois, apelidando-os, pejorativamente, de "Coronel da Fazenda Modelo" e "Rainha Ana de Hollanda".

GOLPE POLÍTICO DE 2016

A decadência do "combate ao preconceito" está nas crises relacionadas às atividades culturais, como a questão dos direitos autorais envolvendo o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), as biografias não-autorizadas questionadas pelo movimento Procure Saber e pelos financiamentos autorizados pela Lei Rouanet.

Ídolos popularescos passaram a assumir posturas reacionárias, como Zezé di Camargo, Latino e Joelma, da Banda Calypso. Roberto Carlos deixava de ser o "modernizador" dos sonhos das elites acadêmicas e passava a ser o decepcionante cantor conservador que havia comprado briga com Paulo César de Araújo, "queridinho" dessas elites.

Os "rolezinhos", ou seja, manifestações de jovens suburbanos entrando em shopping centers ou estabelecimentos frequentados por jovens ricos, entrava no contexto ambíguo das Revoluções Populares Híbridas de junho de 2013, com a inicial espontaneidade popular sendo convertida em manifestações reacionárias contra o governo Dilma Rousseff. 

A associação de certos "rolezinhos" ao "funk ostentação" - surgido na São Paulo comandada pelo PSDB e que exaltava abertamente o consumismo e a aquisição de bens de luxo supérfluos - era o isqueiro para a pólvora do fenômeno dos "pobres de direita", já formados a partir do paternalismo de religiões neopentecostais. 

Nos dois casos, "funk" e neopentecostalismo, as "periferias" seriam tomadas de pessoas de origem humilde que, no entanto, adotavam uma forma de ver o mundo reacionária e elitista, criando uma "massa" que, alegando ter sido abandonada pelo poder público, passaria a se voltar contra o PT e, mais tarde, apoiar o governo Michel Temer e a eleição de Jair Bolsonaro.

Em 2018, aliás, a máscara da "cultura" brega-popularesca - que Sanches definiu como "popular demais" - caiu quando seus ídolos diversos, como cantores, humoristas, subcelebridades e outras personalidades do entretenimento brega, em maioria, passaram a apoiar Jair Bolsonaro, "efeito colateral" do populismo culturalista que tentou dominar as agendas das esquerdas brasileiras.

Desiludidas com tais circunstâncias, iniciou-se a decadência da campanha do "combate ao preconceito", que entre outras coisas havia barrado a mobilização popular, "desnecessária" quando o PT estava no poder, daí o pouco caso dos próprios esquerdistas com a apologia do entretenimento brega, porque "não era mais preciso" lutar por causas como a reforma agrária, pois agora a "reforma agrária" eram os "bailes funk", as micaretas, as vaquejadas e os programas de auditório.

Só que a própria mídia que veiculava o "popular demais" também se mostrou golpista, se voltando furiosamente contra o governo Dilma Rousseff e apoiando o governo Michel Temer e a campanha de Bolsonaro. E isso é que derrubou, praticamente, o "combate ao preconceito", porque este se deu sem romper com o horizonte cultural delimitado pela mídia hegemônica, apesar de mentiras trazidas aqui e ali de que os ídolos popularescos seriam "discriminados" pela grande mídia que os lançou para o sucesso estrondoso.

E hoje, com o golpe político e os retrocessos sociais, e, além disso, com o fenômeno mundial da pandemia da Covid-19, agravou-se a desilusão em torno da "felicidade popular" que os intelectuais erroneamente viram no "eterno verão" popularesco da "cultura das periferias".

Isso se deu por alguns motivos, como o fato de que os ídolos "populares demais" não tinham a mesma força artística da "MPBzona" (a MPB autêntica, na classificação pejorativa de Paulo César de Araújo) e, além disso, boa parte deles, depois de um punhado de sucessos radiofônicos, deixava de se destacar pela música para viver como subcelebridades, produzindo factoides. 

Nomes como Joelma e Belo são exemplos desses dublês de artistas musicais que não aguentam viver sempre de suas músicas medíocres, passando a viver, depois de um período de relativos sucessos e uma meia-dúzia de canções radiofônicas, apenas como personalidades mostrando banalidades nas redes sociais.

A adesão de músicos popularescos, a partir de Zezé di Camargo & Luciano - tendenciosamente promovidos como "símbolos do esquerdismo cultural", superestimando um voto condicionado e crítico em Lula, apesar deles também terem votado no ruralista Ronaldo Caiado - , ao bolsonarismo também decepcionou as forças progressistas, para as quais, antes, até um remexer de glúteos de dançarinas de "funk" e "pagodão" baiano soavam "poesia".

Numa época em que o Brasil, tomado de tantos escândalos e com um governo de extrema-direita comprometido em muitos incidentes preocupantes - como o desprezo do presidente Jair Bolsonaro com as recomendações de isolamento social da Organização Mundial de Saúde, para prevenir a contaminação pelo coronavírus - , a distopia também não permite mais a trilha sonora das músicas popularescas, que cada vez se desgastam e veem longe a conquista do primeiro nível da MPB.

No âmbito comportamental, o desgaste das "musas" popularescas, cada vez mais presas na "bolha social" de internautas masculinos, e o reacionarismo explícito da imprensa policialesca, causam também desilusão às forças progressistas que imaginaram que esse universo popularesco traria a revolução social para o país. Mas trouxe os efeitos contrários.

O tal "combate ao preconceito" só gerou mais preconceito, a partir da própria aceitação de formas de suposta expressão popular que já eram carregadas de preconceito. A bregalização glamourizava e espetacularizava a pobreza, exaltando seus defeitos sob o pretexto de que o povo pobre "sabia" lidar com eles com suposta maestria, ideia trazida pelo "bom" etnocentrismo da intelectualidade pró-brega e sob a complacência de intelectuais de esquerda ainda bastante preconceituosos.

Daí que, acolhendo a bregalização, as esquerdas deram tiro no pé, enquanto o "combate ao preconceito" isolava o povo pobre no entretenimento popularesco, para evitar que ele reagisse em solidariedade a Dilma Rousseff, assim que ela começasse a ser ameaçada de ser tirada do poder. Mas a manobra havia sido feita antes, na tentativa de fazer o mesmo com Luís Inácio Lula da Silva.

E com os falecimentos de grandes nomes da cultura brasileira, que trariam respostas para as crises sociais dos últimos tempos, aumentou mais a desilusão e sepultou de vez o verão do "combate ao preconceito", quando os intelectuais em geral e as esquerdas em particular observaram o quanto a bregalização cultural tinha de preconceituosa e não o contrário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. Tradução de Pérola de Carvalho. São Paulo, Perspectiva, 1970.

FIGUEIREDO, Alexandre. Esses Intelectuais Pertinentes... Como a Retórica do "Combate ao Preconceito" da Bregalização Contribuiu para o Golpe Político de 2016. Niterói, Independente, sob publicação virtual no portal Amazon, 2020.

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