Por Alexandre Figueiredo
O que é o patrimônio cultural? Numa sociedade marcada pela curtição alienada e pelo consumismo, as pessoas não entendem. Acham que é um entulho velho guardado num porão onde ninguém há muito tempo visita, ou uma herança que poucos têm interesse em assumir.
É complicado criar uma página sobre patrimônio cultural se esse tema não garante visibilidade. E, há exatos dez anos, arriscar a criar uma página com informações mensais, divulgando as principais atividades do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional sem estar institucionalmente vinculado, era uma coisa inédita que parecia não ser bem sucedida.
Aliás, o não-vínculo institucional se deu porque eu havia feito um concurso para o IPHAN, em 2005, o primeiro sob a gestão de Antônio Augusto Arantes e também o primeiro depois que foi criado um decreto-lei regulamentando o patrimônio imaterial, o Decreto-Lei 3.551 de 04 de agosto de 2000, e, por razões alheias à minha vontade, não fui aprovado.
Curiosamente, março de 2006 foi a época em que os aprovados do concurso de 2005 começaram a ser convocados. Eu não fui aprovado porque não consegui encontrar a bibliografia indicada, e tive que enfrentar greve de bibliotecários e a indisponibilidade de um funcionário da biblioteca do IPHAN.
Com isso, se não pude trabalhar no IPHAN - espero ser aprovado em um novo concurso - , pude ao menos entender a instituição "de fora", e divulgar as atividades mais destacadas da autarquia numa página que, aparentemente, tem a estrutura de um blogue, mas prefiro defini-lo como "sítio de ciências sociais e patrimônio cultural".
Foi aí que surgiu Ensaios Patrimoniais. O nome remete ao sentido duplo de "ensaio", que tanto é um artigo ou monografia que procura analisar um assunto com profundidade, ou uma preparação para uma atividade ou uma compreensão mais definitiva.
Geralmente a edição é mensal, com um texto publicado, até pela falta de tempo (tenho outras páginas e outras atividades a fazer dentro e fora da Internet), mas dependendo do caso chega-se a ter quatro textos em um mesmo mês.
Ensaios Patrimoniais procurou, nesses dez anos, mostrar o trabalho do IPHAN e outras iniciativas em prol do patrimônio, mas também lançar textos questionando os problemas da cultura popular, que sofre o comercialismo voraz do brega-popularesco.
Felizmente, Ensaios Patrimoniais tornou-se bastante lido desde que foi publicado pela primeira vez, primeiro pelo Yahoo! Geocities, extinto serviço de páginas na Internet. Depois, a página foi transferida para o Fotopages, em 2009, e em 2010 todo o conteúdo dos dois portais está agora no Blogger.
Embora não seja um feito inédito criar páginas sobre patrimônio cultural, o diferencial de Ensaios Patrimoniais está no fato de não ser uma página acadêmica nem institucional, procurando ultrapassar os limites estritos desse meio.
Dessa forma, Ensaios Patrimoniais continua expandindo os temas culturais, geralmente apreciados por acadêmicos, técnicos e administradores públicos, para o público comum que, a princípio, não é acostumado a ler páginas desse perfil.
Ensaios Patrimoniais continuará ativo, seguindo adiante com sua linha temática. A presente postagem foi feita apenas para lembrar que a página chegou aos dez anos, somando-se às páginas brasileiras dedicadas ao patrimônio cultural.
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