Por Alexandre Figueiredo
O serviço de limpeza pública é uma atividade bastante valorizada nos países desenvolvidos. Os próprios garis chegam mesmo a expressar autoridade no assunto, orientando e até mesmo ordenando as pessoas a arrumarem seus depósitos de lixo para ajudar a coleta dos trabalhadores do lixo.
A importância da limpeza pública é tal que ela ajuda a prevenir doenças. Mas num país como o Brasil, ainda em crise de valores, em que um jornalista de considerável projeção chega a fazer comentários grosseiros e desrespeitosos aos garis, depois de ver uma dupla expressando muita alegria por um ano que termina, é preciso repensar as coisas e ver a grande dignidade que possui essa atividade, muito importante para a nossa sociedade.
Um livro que descreve a história dos serviços de limpeza pública da cidade de São Paulo é um bom subsídio para isso. E mostra o quanto a evolução sócio-cultural da capital paulista influiu também na transformação dessa atividade ao longo dos anos.
Esse livro se chama Limpeza Pública no Estado de São Paulo - Uma história para contar. Embora descrevesse a trajetória desse serviço em todo o Estado de São Paulo, é a partir da capital que as transformações são percebidas. Editado pela Ipsis Gráfica e Editora, é escrito pelo presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur), Ariovaldo Caodaglio.
Caodaglio realizou as pesquisas, juntamente com o jornalista e historiador Roney Cytrynowicz, para o trabalho. São dados e várias fotografias, que revelam uma trajetória rica em informações e experiências, desde que na segunda metade do século XVII foi decidido implantar um serviço de limpeza pública na então provinciana cidade de São Paulo.
O tema parece estranho para os leigos, mas o serviço de coleta e tratamento do lixo, desde o começo, já inspirava discussões profundas como a questão de criar um depósito de lixo ou simplesmente de incinerá-lo. Uma questão como esta foi tratada pelo primeiro prefeito da capital paulista, Antônio Prado, e seu secretário de Saúde, o sanitarista e fundador do Instituto Butantã, Emílio Ribas, em 1899.
No começo do século XX, o serviço de limpeza urbana era feito através de mulas. Elas eram criadas em alojamentos onde hoje se situa o Parque do Ibirapuera. Além do tratamento exemplar dado por seus criadores, as mulas recebiam atendimento veterinário regularmente.
Mais tarde, novos equipamentos foram lançados, além de caminhões, adotados para fazer o transporte do lixo coletado. Até 1968, os caminhões não aposentaram completamente as mulas, havendo tanto o uso de uns quanto outras no serviço de limpeza urbana. Mas, depois de 1968, apenas caminhões passaram a ser usados, com renovação de frotas ocorrendo periodicamente.
Um desfile foi feito em 1922 para apresentar as primeiras transformações no século XX. O evento foi feito após a Semana de Arte Moderna, evento cultural que expressava a modernização que atingiu a capital paulista e a transformou depois na maior cidade da América Latina. E, na medida em que a cidade crescia, tornava-se mais necessário o aperfeiçoamento do serviço de limpeza urbana, ainda que seja pela pressão das classes populares, diante de eventuais problemas no serviço principalmente nos bairros populares.
O livro apresenta um grande acervo de fotos, que valem para explicar, através das imagens, a evolução do serviço de limpeza urbana no Estado de São Paulo e, em especial, na capital paulista.
FONTES; O Estado de São Paulo, Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo.
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