Por Alexandre Figueiredo
Uma nova turma de alunos foi formada este mês pela primeira faculdade indígena da América do Sul. A Faculdade Intercultural Indígena, da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), diplomou 90 índios de diversas aldeias da região, que estão habilitados para trabalhar como professores para os povos de suas tribos. É a segunda turma formada pela Unemat, e a primeira se formou em 2006. A cerimônia de formação da segunda turma foi realizada no Ginásio de Esportes Arlindo Buck, na Barra dos Bugres, no último dia 14 de julho.
A faculdade existe desde 2001 e é uma conquista de um desejo reivindicado há um tempo por cientistas sociais e lideranças indígenas. Além disso, quando, junto com a aprovação da Lei 11.645/2008, que instituiu no currículo oficial da rede de ensino nacional a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-brasileira e Indígena, o projeto de criação de mais uma faculdade indígena no Brasil, a primeira em âmbito federal.
Esta faculdade será instalada na Universidade Federal do Amazonas, para atender às tribos da região do Rio Negro. Mas, diante da espera da UFAM pelas verbas federais, outra iniciativa neste sentido, em âmbito estadual, obtém êxito, através da Universidade do Estado do Mato Grosso, que no II Congresso Universitário da instituição aprovou a criação da faculdade indígena, na região da Barra dos Bugres. Nesse lugar, já existem diversos cursos superiores ligados ao Programa de Educação Superior Indígena Intercultural (Proesi), coordenado pelo vice-reitor da Unemat, professor Elias Januário.
A faculdade indígena da Unemat conta com infra-estrutura necessária para a realização de aulas, alojamento dos alunos, sede administrativa e também outras dependências disponíveis para o Programa de Educação Superior Indígena (Proesi). A oferta de cursos com formação superior dotado de currículos específicos e diferenciados tem sido uma das ações da Unemat no campo da Educação Superior Indígena.
Desde 2000, a Unemat já havia criado cursos de formação com currículos específicos e diferenciados no ramo da Educação Superior Indígena. Depois de discussões estabelecidas para sua criação, foram iniciados os Cursos de Licenciatura Específica para Formação de Professores Indígenas.
Na faculdade indígena, a metolodogia dos cursos obedece a um regime especial. Os cursos são desenvolvidos de forma intensa e presencial durante o período de férias e recessos escolares, e são feitas atividades cooperadas entre docentes e cursistas nos períodos em que estes ministram aulas nas escolas indígenas.
Durante as etapas intermediárias, os estudantes realizam atividades de estágio nas escolas localizadas em suas aldeias, com acompanhamento dos professores da instituição, contribuindo para que a universidade participe da realidade vivida em cada comunidade indígena, ajudando na consolidação de uma educação escolar específica e diferenciada, que atenda aos anseios de cada população indígena. O currículo dos cursos é flexível, definido, revisto e atualizado com ampla participação dos estudantes e pelos diversos envolvidos no contexto, partindo de pressupostos como a afirmação da identidade étnica e a valorização dos costumes, da língua e das tradições culturais de cada povo.
Segundo Elias Januário, a criação da Faculdade Intercultural Indígena é um passo para a Universidade dos Povos Indígenas no Brasil, uma das próximas metas dos cientistas sociais. Será a quinta no mundo. Atualmente existem quatro universidades para os povos indígenas, no México, Canadá, Equador e Nicarágua.
Fontes: TV Bandeirantes, Só Notícias, Barra do Bugre News, Cristovam.Org.
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