Por Alexandre Figueiredo
Atingido por um incêndio de grandes proporções em 2018, o Museu Nacional, cujo prédio onde se situa, o Paço de São Cristóvão, foi um edifício que remete à estadia do imperador Dom João VI, sua família e comitiva, no Brasil assim que chegou em 1808, e está tombado pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional durante o governo de Getúlio Vargas, em 1938, recebeu autorização do IPHAN para dar continuidade aos trabalhos.
A reconstrução do Museu Nacional, que perdeu um grande número de bens - em boa parte, hoje, registrada em fotos e imagens - , ocorre desde 2018, mas só agora, depois dos descasos dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro com a Cultura, e sob um renovado Ministério da Cultura, o palácio teve autorizada a continuidade dos trabalhos de recuperação.
A autorização pelo |Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é uma formalidade necessária devido à questão das intervenções feitas sobre um bem histórico. A reconstrução do Museu Nacional, ainda que seja fundamental e indispensável para recuperar e reabrir o prédio para o público, é uma intervenção e, por isso, depende de autorização para que os trabalhos sejam continuados completados.
As obras são uma iniciativa do Comitê Executivo do Projeto Museu Nacional Vive, grupo formado para recuperar o prédio e reinstituir seu acervo, destinado hoje a acolher o que pôde ser recuperado dos bens atingidos pelo incêndio e outros bens doados por outras instituições. O IPHAN só pôde fazer parte do grupo a partir de fevereiro último.
"Vamos instituir um comitê de acompanhamento ligado à área central, que vai dar suporte técnico. E também uma frente de nível local com servidores do Rio de Janeiro, que acompanharão os trabalhos de modo permanente e diário para que nós possamos tomar decisões adequadas e não deixemos nenhum processo um dia sequer sem resposta", disse o atual presidente do IPHAN, Leandro Grass, na época.
O Museu Nacional, por sua vez, é presidido por Alexander Kellner. Disse ele, em fvereiro: "Temos totais condições de devolver o Museu Nacional/UFRJ à sociedade civil. E a colaboração do ICOM (Comitê Internacional de Museus), como a de outras organizações nacionais e internacionais, fortalece ainda mais o nosso projeto e o nosso caminho pelos próximos quatro anos. Sabemos que recompor um acervo original não é uma tarefa fácil, mas temos certeza de que, com o apoio que estamos recebendo, alcançaremos as metas e reabriremos o nosso Museu com todos os elementos e atrações que nossa população espera".
Durante as visitas do ICOM, comandado pela presidenta, a italiana Emma Nardi, foram apresentados a seus técnicos os artefados e outros bens que fizeram parte do cotidiano do palácio, nos tempos em que ele abrigava a família imperial. Alguns desses itens não eram notabilizados antes do incêndio, como as pinturas murais e um antigo forno, que serão reincorporados ao edifício.
Artefatos arqueológicos no entorno do Museu Nacional também foram encontrados durante os trabalhos de recuperação. Um deles é a "sala das conchas", compostas de 26 mil conchas encontradas sobre um piso de pedra espessa. Ha também vestígios de pisos e calçamentos que ligavam o pátio principal do Paço de São Cristóvão ao Jardim das Princesas. Também foi encontrado um terreno da antiga Capela Imperial de São Joao Batista, com partes da estrutura de uma capela em bom estado de conservação.
A fachada principal do |Museu Nacional foi reinaugurada em setembro de 2022. No entanto, os trabalhos de recuperação total do edifício estão previstos para concluírem em 2027. Em todo caso, a autorização do IPHAN é um alento para que os trabalhos terminem de forma ágil, para entregar, com menos demora possível, o Museu Nacional para a visita do grande público.
FONTES: IPHAN, Jornal O Dia, Revista Fórum.
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