Por Alexandre Figueiredo
Os anos abusivos do bolsonarismo foram, praticamente, deixados para trás. Como um dos últimos atos da fase de transição do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), está um episódio extremamente desagradável e danoso, que foram os atos de vandalismo feitos por grupos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que, no dia 08 de janeiro último, invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, criando um clima de muita tensão e medo.
Indignados com a vitória eleitoral de Luís Inácio Lula da Silva para o atual comando da Presidência da República, bolsonaristas financiados por empresários se reuniram, vindos de diversas partes do Brasil, na capital federal para protestarem dentro da visão antipetista própria do bolsonarismo.
Pedindo a recontagem dos votos, através da auditoria das urnas eletrônicas, os revoltosos ainda pediam a extinção dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e faziam ameaças a Lula e ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que se dedica a coordenar investigações e punições a quem faz campanha de fake news nas redes sociais.
Vários revoltosos foram presos e estão sob investigação criminal. Moraes pede também a investigação de empresários e políticos acusados de financiar os protestos e inquérito também busca saber se a segurança policial em Brasília foi omissa ou cúmplice com os golpistas.
Centenas de revoltosos realizaram atos de vandalismo, causando danos em vários bens culturais, entre eles um quadro do pintor modernista Di Cavalcânti e um relógio de parede de origem francesa trazido por Dom João VI na sua vinda ao Brasil. O relógio, feito pelo relojoeiro Balthazar Martinot originalmente para o rei Luis XIV, foi totalmente destruído. Os próprios edifícios também sofreram danos. Outros quadros, vidraças, móveis, esculturas e mesas tiveram bens destruídos.
O gabinete de Lula chegou a ser observado pelos revoltosos, que não conseguiram invadir, por estar blindado pela segurança. Nos arredores dos edifícios, se observou vestígios de urina e fezes deixados pelos bolsonaristas, definidos como terroristas e golpistas devido à gravidade dos seus atos.
Num dos primeiros trabalhos como titular do reativado Ministério da Cultura, a cantora baiana Margareth Menezes, determinou ao IPHAN que fizesse um levantamento dos danos causados e do prejuízo financeiro resultante dos atos terroristas.
"É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis", lamentou a ministra.
Margareth assegurou que possui uma equipe de especialistas e restauradores que irão trabalhar para a recuperação dos bens. A ministra afirmou que a maioria dos bens é recuperável. Técnicos da UNESCO, órgão das Nações Unidas voltado para a Educação e Cultura, também se ofereceram para ajudar na recuperação dos bens.
Dentro desse clima de tentar resolver a tensão inicial dos atos terroristas, amanhã toma posse o novo presidente do IPHAN, o ex-deputado distrital, sociólogo, professor universitário e gestor cultural Leandro Grass. Ele é mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade de Brasília (UnB) e, na mesma instituição, foi pesquisador do Observatório de Políticas Públicas Culturais. É membro da Associação de Amigos do Centro Histórico de Planaltina, dedicada à defesa do patrimônio histórico do Distrito Federal.
O evento, que nomeará também os membros da nova Diretoria Colegiada do IPHAN, será às 19 horas do dia 31 de janeiro e será aberto ao público. O local será a Sala Brasília do Palácio Itamaraty e a cerimônia terá também apresentação de grupos de maracatu e baião.
FONTES: IPHAN, Carta Capital, Poder 360.
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