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MEDIOCRIDADE CULTURAL: HORA DE "PASSAR O PANO"

INTERNATIONAL MAGAZINE, MAURO FERREIRA, IVAN LINS, TIÊ (COM LUAN SANTANA): EXEMPLOS DE COMPLACÊNCIA À MEDIOCRIDADE CULTURAL, REPRESENTADA PELA METÁFORA DE "PASSAR O PANO" ILUSTRADA PELO DESENHO DO PICA-PAU.

Por Alexandre Figueiredo

O Brasil não está culturalmente bem. A ilusão de uma suposta prosperidade sócio-cultural se reflete na alta produtividade dos internautas nas redes sociais, na oferta aparentemente infinita da diversidade cultural e na própria experiência solipsista dos defensores, que têm poder aquisitivo para viajar para o Exterior e adquirir bens culturais e caros.

A prosperidade é uma grande ilusão, se percebermos que a mediocridade cultural, que no Brasil ocorria há, pelo menos, 50 anos, se intensificou de forma que ela se tornou praticamente um beco sem saída, no qual mesmo as pessoas com algum nível de esclarecimento aderem, seja por complacência, seja para evitar o isolamento pela chamada "Espiral do Silêncio".

Exemplos dessa atitude complacente, representada pela metáfora da "passagem de pano", são muitos, ainda mais quando as regras sociais que prevalecem no Brasil criam aberrações como a rejeição ao senso crítico nos cursos de pós-graduação nas universidades em geral.

É como se as pessoas tivessem que fazer papel de flanelinhas quando cursam Mestrado ou Doutorado, vide a famosa metáfora da "passagem de pano" que é ilustrada por uma imagem do personagem do cartunista Walter Lantz (1899-1994), o Pica-Pau (Woody Woodpecker, no original), em um episódio em que a famosa ave da animação estadunidense lava o convés de um navio.

Dessa forma, os mestrandos e doutorandos são convidados a "passar o pano" nas diversas problemáticas do cotidiano, e o que poderia ser uma fenomenologia problemática acaba sendo desproblematizado e o que era problema vira "patrimônio", percorrendo sempre o mesmo caminho "flanelinha" da abordagem de pós-graduação.

Esse caminho é o chamado "enchimento de linguiça" do hermetismo das justificativas da fase introdutória (Justificativa e Objetivo), explicações complementares e descrição preliminar do assunto que serve de tema (Introdução), da apreciação passiva e meramente descritiva de pontos de vista conflitantes (Desenvolvimento) e da interpretação acrítica, complacente e condescendente do fenômeno estudado (Conclusão).

Essa forma de produzir uma tese de pós-graduação agrada em cheio as bancas acadêmicas, em maioria envolvidas num esquema de apadrinhamentos e clientelismos que envolve verbas estatais e a realidade nunca devidamente assumida do "dinheiro por fora", no qual instituições que vão desde a Fundação Ford a religiões como o "movimento espírita" brasileiro, além de entidades ligadas ao entretenimento popularesco (como o "funk", o tecnobrega e os bregas dos anos 1970), subornam os meios acadêmicos para financiar trabalhos de pós-graduação que soam mais propagandísticos que intelectuais.

MEDIOCRIDADE CULTURAL GOURMETIZADA

Temos vários exemplos, aos quais cabe destacar alguns para não sobrecarregar este texto. Na chamada "cultura rock", temos a tendência ocorrida no começo dos anos 1990, quando, no final de 1991, a redação da revista Bizz foi demitida, ficando apenas jornalistas que estivessem de acordo com os mecanismos comerciais do mainstream, mesmo quando fantasiado de "cultura alternativa", através do sucesso midiático do grunge, o cenário de rock de Seattle.

Depois de uma fase de riquíssima transmissão de conhecimentos musicais, dos quais a música antiga do passado e o rock alternativo eram apresentados ao grande público sem acesso ao que existia além do óbvio, previsível e "de grande sucesso", a Bizz, surgida em 1985, deu fim a essa fase que durou seis anos e preferiu se concentrar ao pop convencional e ao rock mainstream, ou seja, que marca presença pontual nas paradas de sucesso (o hit-parade).

Isso trouxe uma profunda queda de qualidade. Além da atuação niilista e iconoclasta de nomes como André Forastieri, Camilo Rocha e o falecido Carlos Eduardo Miranda, o aprendizado cultural dos jovens passou, com o tempo, a ser limitado por dois veículos que pouco contribuíram para a abrangência da cultura rock ou da música brasileira: a coluna Rio Fanzine, de O Globo, dos jornalistas Tom Leão e Carlos Albuquerque, e a coluna Escuta Aqui, do antigo suplemento Folhateen, da Folha de São Paulo, comandado pelo jornalista do programa Fantástico (Rede Globo), Álvaro Pereira Jr..

Com isso, os jovens passaram a ter uma formação de cultura musical bastante superficial, passando a ter preguiça em garimpar referências musicais que fossem além do óbvio e do que o chamado "senso comum" consagrou. Isso comprometeu ainda mais uma formação cultural mais abrangente e o preço mais caro disso tudo é a decadência da cultura rock, que se tornou prisioneira dos clichês e obviedades do mainstream, mesmo sustentado por eufemismos de creditar o hit-parade como "clássicos", quando as músicas são antigas, e "novidades", quando são músicas que fazem sucesso atualmente.

As rádios que se intitulam "rádios rock" também foram atingidas por essa mediocrização. Enquanto emissoras FM realmente especializadas em rock, como a Fluminense FM (Niterói), 97 Rock (São Paulo) e Estação Primeira (Curitiba) desapareciam do ar, emissoras de perfil mais medíocre e com modus operandi de rádios pop convencionais, como 89 FM (São Paulo) e Rádio Cidade (Rio de Janeiro), surgiram ou eram fortalecidas pelo lobby que exerciam no mercado.

No lugar das antigas rádios de rock autênticas, entraram "rádios rock" que não passavam, na prática, de "rádios pop que só tocam rock", o que o autor deste texto, comparativamente, apelida de "Jovem Pan com guitarras", uma vez que essas rádios não possuem mentalidade nem linguagem de rádios realmente roqueiras, sobretudo pelo quadro de locutores, que mais parecem vindos de um excedente que não foi aproveitado pelas rádios pop propriamente ditas.

Contrariando o que se alardeia sobre as atuais "rádios rock", emissoras como a 89 e Cidade não eram, em termos de mentalidade e filosofia de trabalho, rádios roqueiras, sendo apenas rádios de paradas de sucessos, como qualquer outra, que apenas querem um diferencial na atração de anunciantes publicitários, como lojas de instrumentos musicais e de roupas arrojadas. Na prática, o que há de mais roqueiro nessas emissoras se reserva a uns poucos programas específicos transmitidos geralmente no fim de noite ou, nos domingos, no fim de tarde.

Paralelo a isso, houve o crescimento da música popularesca que, com sua avalanche de nomes do "pagode romântico", "sertanejo", "forró eletrônico", axé-music e "funk carioca", no começo dos anos 1990, firmaram reservas de mercado que se tornaram dominantes e inflexíveis, a ponto de muitos críticos falarem, na época, de "monoculturas" regionais que dificultavam o acesso de culturas musicais mais relevantes, como a MPB, cada vez mais posta à margem do esquemão musical prevalescente.

"PASSAR O PANO" EM TROCA DE VANTAGENS

Ninguém elogia a canastrice cultural ou midiática porque os fenômenos são novos e representam "mudanças lindas" nas perspectivas culturais vigentes. Se há elogios à mediocridade cultural, é porque há um jogo de conveniências e os fenômenos medíocres dos anos 1990 para cá cresceram tanto que eles criaram um lobby poderoso, uma espécie de Síndrome de Dunning-Kruger econômica.

Ao longo do tempo, vemos atitudes complacentes que constrangem pelo fato de que são expressas por pessoas que, dotadas de alguma competência artística ou comunicativa, fazem elogios a fenômenos de qualidade bastante inferior, visando a troca de vantagens diversas.

No que se diz ao radialismo rock, com a ascensão de rádios canastronas como 89 FM e Rádio Cidade, há um exemplo ilustrativo dessa "passagem de pano". No caso da Rádio Cidade, a emissora, já nos anos 1990, se beneficiou pela complacência da publicação International Magazine, criada por Marcelo Fróes (recentemente envolvido numa polêmica relacionada à Legião Urbana) e Marcos Petrillo, revista musical publicada no Rio de Janeiro.

A Rádio Cidade foi classificada, numa das edições da revista, como "bem intencionada" na conduta do segmento rock, quando na verdade se observa que a emissora que durante anos irradiou os 102,9 mhz e nasceu como emissora pop convencional sempre teve uma conduta constrangedora e bastante inferior até mesmo aos piores momentos da Fluminense FM.

A Cidade sempre se limitou, em toda a sua trajetória como "dublê de rádio rock", a tocar somente os hits do segmento roqueiro, sem apresentar o diferencial que fez história na Fluminense FM. Seus locutores não eram especializados em rock e nem eram ligados ao gênero, atuando como se estivessem trabalhando em rádios pop e anunciando bandas como Pearl Jam, U2 e AC/DC como se fossem quaisquer dos nomes do pop dançante das "Sete Melhores da Pan" ou os "grupos de garotos" tipo Backstreet Boys e o atual pop sul-coreano, o k-pop.

Recentemente, projetos midiáticos formados por órfãos da Fluminense FM, como o projeto revivalista Maldita 3.0, a webradio Cult FM e a afiliada fluminense da Kiss FM paulista passaram a adotar uma postura complacente em favor da Rádio Cidade, que o autor deste artigo define como "Política da Boa Vizinhança". A ideia é não contestar o poderio da Rádio Cidade, que, diferente das demais, está associada a um poderoso lobby de empresários vinculados à realização de shows internacionais de rock no Rio de Janeiro.

Há também o fato de que a complacência de radialistas e jornalistas sérios com o poderio da Rádio Cidade tinha como objetivo a ilusão de que, com o tempo, eles fossem empregados pela emissora dos 102,9 mhz, mesmo que seja para formar uma "grade noturna mais robusta" para contrabalançar com a programação diária de "somente sucessos" da "dublê de rádio rock" carioca.

Interesses estratégicos, baseados na famosa frase do economista neoliberal Milton Friedman (1912-2006), Nobel de Economia em 1976, "Não existe almoço grátis", também estão envolvidos com a condescendência da MPB e de críticos musicais competentes com a supremacia da música popularesca que cada vez mais sufoca os espaços para as demais manifestações culturais, consideradas mais relevantes. A gourmetização da mediocridade cultural esconde interesses mercadológicos estratégicos.

MPB "PASSANDO PANO" NA MÚSICA BREGA-POPULARESCA

Que a MPB sempre negociou "parcerias' com a música brega-popularesca, desde quando, em 1973, o cantor e ícone tropicalista Caetano Veloso apareceu numa apresentação "provocativa" ao lado do ídolo brega Odair José, cantando "Eu Vou Tirar Você Deste Lugar" no evento Phono 73, constituindo num marketing estratégico da Phonogram, que tinha os dois cantores como contratados, isso é fato.

O problema é que, a partir de narrativas trazidas por intelectuais pró-brega como Paulo César de Araújo, a partir do livro Eu Não Sou Cachorro, Não, de 2000, a suposta interação entre bregas e emepebistas passou a ser descrita como um suposto "combate ao preconceito" e uma "consagração" da "inclusão cultural" dos ídolos popularescos no chamado "primeiro time da MPB".

Entre alguns exemplos mais recentes, há o caso da cantora Tiê, um dos nomes emergentes da MPB dos últimos 20 anos, quando tentou explicar a intenção de gravar dueto com o cantor brega-popularesco Luan Santana como "de decisão pessoal dela", procurando desmentir que o dueto tenha sido uma decisão de gravadora ou do empresário da cantora.

No entanto, o dueto reflete, como tantos outros - como Gal Costa cantando com a musa da "sofrência", Marília Mendonça, Nando Reis cantando com Zezé di Camargo, Titãs tocando com o falecido funqueiro Mr. Catra e membros dos Paralamas do Sucesso e Legião Urbana tocando com Chimbinha (ex-Banda Calypso) - , um verdadeiro "balcão de negócios" no qual não são os ídolos popularescos os "coitadinhos" que a retórica "contra o preconceito" insiste em espalhar para a opinião pública.

Na verdade, os ídolos popularescos é que estão com o poder nas mãos, dominando um mercado que envolve empresários da grande mídia (sobretudo redes de TV nacionais e rádios FM controladas por oligarquias regionais), empresários do entretenimento, indústrias de automóveis, bebidas alcoólicas, eletrodomésticos e telefones celulares, entre tanta gente rica envolvida nesta suposta "cultura do povo pobre" da retórica dos intelectuais pró-brega, definidos como "bacanas".

Exceção não pode ser creditada ao caso do renomado cantor e compositor Ivan Lins, que em outros tempos tinha voz e vez até em trilhas sonoras de novela da Rede Globo, como a música "Vitoriosa", da novela Roque Santeiro. Em postagem recente no Instagram, Ivan Lins adotou uma postura complacente e ingenuamente entusiasmada quando dois nomes da música brega-popularesca, Ivete Sangalo e Alexandre Pires, cantaram, num programa do Multishow, a composição do autor, "Lembra de Mim".

Que maravilha. E que honra! Ivete e Alexandre Pires - duas grandes vozes do nosso país - cantando "Lembra de Mim" (música minha e de Vitor Martins) no #MusicaBoaAoVivo. Se eles me pedissem uma música, eu fazia umas 15", disse, com exagerada e desnecessária euforia, Ivan Lins.

A máxima de Milton Friedman, ele um grande símbolo do rigor mercadológico do neoliberalismo, vem à tona, e não é o talento duvidoso de Ivete Sangalo e Alexandre Pires - crooners sem muita criatividade musical que adotam o não muito bem visto recurso vocal do oversinging, consagrado nos EUA por Whitney Houston - , pois Ivan Lins não iria elogiar esses nomes de graça, mas em troca do espaço de mídia que o emepebista não tem mais, com o avanço da música popularesca nos espaços que antes a MPB tinha como remanescente.

Na crítica musical, além dos "provocativos" intelectuais "bacanas" do pró-brega, dos quais o mais recente exemplo é Rodrigo Faour, com seu livro de pretensioso título, História da Música Popular Brasileira... Sem Preconceitos, onde o teor se dá à abordagem elogiosa à mediocridade musical brega-popularesca, temos também a atuação dos chamados jornalistas "isentos", mais competentes e menos provocadores, mas também muito complacentes com a bregalização dominante.

Um desses símbolos é o jornalista Mauro Ferreira, que atuou no Jornal do Brasil e O Dia e hoje é responsável por um blogue musical no portal G1, das Organizações Globo. Com atuação competente e bastante informativa quando descreve nomes da MPB autêntica, Mauro Ferreira no entanto adota uma postura complacente com os fenômenos popularescos, sob o pretexto da "objetividade" e da "imparcialidade" que são a tendência da chamada "crítica musical" de hoje em dia.

E isso é bastante ilustrativo da postura complacente, bem de acordo com o esquema que envolve divulgação de nomes musicais popularescos, numa rede de relações que envolve empresários em geral, executivos de televisão e negócios que envolvem turnês e lançamento de faixas nas redes sociais, visando atingir altos índices em plataformas como o Spotify e o YouTube. Foram-se os tempos em que havia gente como José Ramos Tinhorão para colocar a cultura acima das conveniências comerciais.

A tendência de "passar pano" na mediocridade cultural é, portanto, um jogo de conveniências no qual, evidentemente, não está em jogo um hipotético "reconhecimento de valor" do fenômeno medíocre em questão, como se sugerisse uma suposta genialidade oculta no mesmo, mas no aproveitamento dos interesses em jogo para que aquele músico, jornalista ou radialista mais competente possa estar incluído no esquemão vigente, como forma de ganhar dinheiro e visibilidade.

Não existe almoço grátis. Não é a mediocridade reinante no Brasil desde os anos 1990 que "virou genial", tornou-se "respeitável" ou tem seu "verdadeiro valor reconhecido e aceito culturalmente". Os elogios à mediocridade envolvem interesses financeiros diversos, além de estar em jogo a fama e o prestígio dos que, podendo contestar tais fenômenos, preferem elogiá-los e fingir que a mediocridade cultural é "uma grande maravilha". Há muito serviço para o Pica-Pau nas redes sociais.

FONTES: Portal G1, O Dia, Jornal do Brasil, O Globo, Blogue Linhaça Atômica.

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