Por Alexandre Figueiredo
O Sítio Roberto Burle Marx, situado em Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, está a caminho de se tornar patrimônio mundial. Um técnico que representa o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), instituição fundada em 1972, visitou o local para avaliar a sua importância como patrimônio natural de todo o mundo.
O sítio é candidato ao título de patrimônio mundial e essa candidatura foi uma iniciativa coletiva, segundo a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Kátia Bogéa, ressaltando que essa condição era a única a ser feita e que "valoriza tanto o jardim como laboratório botânico e local de pesquisa, quanto a sua vocação paisagística e cultural".
Desde 1985, quando o próprio artista plástico Burle Marx doou o sítio para o IPHAN, o local funciona como um centro cultural. Sua média de visitantes gira em torno de 30 mil por ano, e o local foi o laboratório da intensa criatividade do paisagista, sendo o próprio sítio concebido conforme as ideias de seu autor.
O sítio, que se situa a 50 quilômetros do Centro do Rio de Janeiro e cujo um dos acessos passa pela Barra da Tijuca, tem 400 mil metros quadrados de área florestal. Nessa área passa um riacho, e nela se situam viveiros de plantas, sete edificações e cinco espelhos d'água. Um acervo museológico de mais de três mil itens é guardado no local.
A coleção botânica possui mais de 3.500 espécies de plantas tropicais cultivadas no lugar, e este acervo natural é considerado único no mundo. Nele existem raridades, como espécies ameaçadas de extinção e espécies que já foram extintas em seus lugares de origem, e que reforçam todo o valor para pesquisa do rico acervo que permanece no sítio, e que haviam sido pesquisados pelo paisagista.
A importância de Roberto Burle Marx, nascido em São Paulo, em 04 de agosto de 1909 e falecido no Rio de Janeiro em 04 de junho de 1994, como pesquisador botânico, é uma das mais importantes. Sobrinho-neto do economista alemão Karl Marx, o mesmo que se tornou célebre como pensador de esquerda no mundo, Roberto começou sua carreira como pintor, tendo sido também escultor, ceramista e tapeceiro, até se destacar como paisagista.
Várias dessas obras estão presentes no sítio, adquirido em 1949, cuja concepção foi feita em parceria com Lúcio Costa e Gustavo Warchavchik, que elaboraram a casa, e o paisagista, que concebeu o jardim. Ao longo da vida, Burle Marx - que também tem obras guardadas em vários museus, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) - projetou mais de 2.000 jardins que se tornaram marcantes em sua obra paisagística.
Sua primeira obra de grande importância foi em 1938, um jardim que criou para o prédio do então Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas, o atual Edifício Gustavo Capanema (nome em homenagem ao então ministro), inaugurado em 1943. Burle Marx também é conhecido, entre tantas obras, pelo design do calçadão do aterro de Copacabana, quando na duplicação da Av. Atlântica, em 1970, e da reurbanização da Lagoa Rodrigo de Freitas, no biênio 1975-1976.
A candidatura do Sítio Burle Marx para ser Patrimônio Mundial se iniciou com a inscrição na lista indicativa brasileira, em 2015. Foi elaborado um dossiê, que, finalizado em 2018, foi entregue à Comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em janeiro de 2019. A candidatura será apreciada na próxima reunião da UNESCO, a 44ª Reunião do Comitê de Patrimônio Mundial, em Fuzhou, na China, em 2020.
FONTES: IPHAN, O Estado de São Paulo.
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