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IPHAN PODE USAR TRILHOS DE BONDES DE SÃO PAULO COMO PEÇAS DE EXPOSIÇÃO


Por Alexandre Figueiredo

Durante a realização de obras de revitalização do Vale do Anhangabaú, um dos principais e mais movimentados pontos do Centro de São Paulo, a retirada das pedras portuguesas revelou uma relíquia escondida: os trilhos dos bondes que circularam no local, durante décadas.

Uma lembrança da nostalgia dos bondes é revivida por este vestígio, que mostra a antiga história desse transporte coletivo, que na capital paulista teve sua origem conhecida em 1872, quando havia o bonde puxado a burro. O primeiro trajeto ligava a Rua do Carmo à Estação da Luz e atendia a interesses comerciais das elites cafeeiras da época.

Em 07 de maio de 1900 é realizada a primeira viagem de bonde elétrico, simbolizando a modernização urbana de São Paulo, cidade que teve um crescimento bastante acelerado. O sistema de bondes cresceu de tal forma que, na década de 1930, chegou a atingir 160 quilômetros dentro da capital paulista, quase duas vezes a extensão do metrô, que é de 96 quilômetros.

Entre 1900 e 1947, os bondes eram operados pela Light, empresa de energia elétrica atuante em São Paulo e Rio de Janeiro, mas a não renovação do contrato com esta companhia fez com que o serviço fosse administrado pela então recém-criada Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC).

O serviço de bondes tornou-se parte da rotina e da cultura de muitos paulistanos, até que as transformações urbanas e o crescimento do sistema de ônibus fez com que os bondes decaíssem. Em 27 de março de 1968, circulou o último trajeto de bonde, ligando a Praça da Sé ao bairro de Santo Amaro.

Uma curiosidade a respeito da denominação "bonde" - que hoje, no colóquio suburbano, é usado no sentido de "gangue" - é que a origem do termo se deu através dos bilhetes usados para compra das passagens, inicialmente no valor de cinco mil réis. Como eram impressos nos EUA, muitos chamavam os bilhetes de "bond", "apólice" em inglês, e aí o nome pegou.

Os vestígios no Vale do Anhangabaú não foram os primeiros a serem encontrados. Nas obras da Linha 5-Lilás do Metrô, foram encontrados trilhos no entorno da Av. Adolfo Pinheiro. Os vestígios encontrados em Anhangabaú eram esperados de serem encontrados, embora ainda não foi possível identificar que trajeto os trilhos correspondiam.

A Prefeitura de São Paulo acionou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para acompanhar e coordenar os trabalhos de remoção dos trilhos descobertos. É possível que seja feito também um levantamento sobre o histórico do trajeto percorrido nesses trilhos, reforçando a memória histórica do transporte de bondes na capital paulista.

FONTE: Portal G1

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