Por Alexandre Figueiredo
Dois eventos que envolvem o patrimônio arqueológico brasileiro ocorreram neste mês. Um é a exposição Trajetórias de Preservação do Patrimônio Arqueológico, realizada em Brasília por iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e outra é a descoberta de 150 gravuras rupestres em um sítio arqueológico na cidade de Capitão Leônidas Marques, no interior do Paraná.
A exposição, que irá até 15 de março e ocorre na sede do instituto, tem como finalidade ensinar as pessoas a respeito do que haviam sido os povos pré-históricos no Planalto Central brasileiro, principalmente no terreno que hoje abriga a capital federal. Também são exibidos utensílios dos períodos pré-colonial, colonial e pós-colonial de povos que viviam na área do atual Distrito Federal.
Informações a respeito de antigas ocupações humanas em áreas correspondentes aos bairros (cidades-satélites) de Brasília, estimadas em 11 e 12 mil anos - correspondentes ao período holocênico da era Cenozoica - , são exibidas ao lado de objetos que foram descobertos desse acervo arqueológico.
Vários artefatos integram a exposição, como utensílios produzidos por grupos caçadores-coletores, vinculados à Tradição Itaparica, que é uma categoria de sítios arqueológicos que apresentam um mesmo tipo de indústria lítica, na qual se destaca um tipo de pedra usado para raspagem, a "lesma", e que foi primeiramente identificado pelo arqueólogo espanhol Valentin Calderón (1920-1983), em 1969.
No Distrito Federal, foram identificados pelo IPHAN cerca de 51 sítios arqueológicos. 26 deles correspondem a povos que viveram da caça e da coleta. Sete estão relacionados a povos que produziam parte de seus alimentos e produziam material de cerâmica e 17 são sítios arqueológicos ligados aos períodos colonial e imperial.
A exposição também presta homenagem ao antropólogo Luiz de Castro Faria (1913-2004). Quatro módulos são reservados a mostrar a sua trajetória em prol da preservação dos sítios arqueológicos brasileiros. O foco desta exposição está nesta área, embora se mencionem, também, a atuação de Castro Faria, além de arqueólogo, como professor, bibioteconomista, museólogo e antropólogo.
O evento também tem um espaço dedicado ao arqueólogo e padre José Alfredo Rohr (1908-1984), com uma coleção de 167 peças que foram tombadas pelo IPHAN em 1986, considerado o "maior escavador do Brasil" e "pai da arqueologia catarinense". Rohr também foi o criador do Museu do Homem do Sambaqui, em 1964, que atualmente recebe o nome do arqueólogo.
A exposição também mostra abordagens de dois sítios arqueológicos que, tombados pelo IPHAN, também foram incluídos na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO: o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, incluído na lista mundial em 1991, e o Cais do Valongo, sítio arqueológico localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro, incluído em 2017.
Já a descoberta paranaense foi constatada há poucos dias. A existência de 150 gravuras rupestres no sítio arqueológico de Capitão Leônidas Marques foi descoberta depois de um trabalho que começou em 2009, através de uma colaboração de arqueólogos brasileiros e portugueses supervisionados pelo IPHAN.
Vários sítios de diversas tipologias foram identificados durante as pesquisas arqueológicas realizadas na área que é pretendida para ser construída a Usina Hiderelétrica do Baixo Iguaçu. Devido à importância do lugar, o IPHAN solicitou aos pesquisadores do Espaço Arqueologia e do Instituto Terra e Memória de Portugal a fazerem trabalhos mais detalhados na região, tarefa que andou sendo feita nos últimos dias.
Entre as atividades feitas, está o levantamento, com a ajuda de drones, de toda a área arqueológica, buscando colher informações para um mapeamento completo da região. Através desse levantamento, se conhecerá o estado de conservação do sítio arqueológico, de forma a orientar os programas de gestão patrimonial da região.
FONTES: IPHAN, Universidade Federal do Ceará, Site Arqueologia e Pré-História, Wikipedia.
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