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SEMINÁRIO DISCUTE, EM FORTALEZA, A POLÍTICA DO PATRIMÔNIO IMATERIAL


Por Alexandre Figueiredo

Comemorando 20 anos da Carta de Fortaleza, resultante do Seminário "Patrimônio Imaterial: Estratégias e Formas de Proteção", o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) promove o II Seminário de Fortaleza, cujas inscrições já estão abertas.

O evento, que acontece de 08 a 11 de novembro próximos, no Teatro José de Alencar, terá abertura com uma palestra, denominada Conferência Magna, do sociólogo francês Laurent Levi-Strauss, filho do antropólogo Claude Levi-Strauss. Ele é membro do Conselho da Europa Nostra, que é a maior organização não-governamental dedicada à preservação do patrimônio cultural em 43 países.

Segundo Laurent, na época em que a Carta de Fortaleza foi lançada, em 14 de novembro de 1997, o Brasil estava avançado nas políticas de proteção do patrimônio histórico e cultural em relação a maior parte da comunidade internacional.

Laurent acrescentou: "Seis anos depois, em 2003, a UNESCO publicou a Convenção para a Salvaguarda que alcançou, desde sua consolidação, um rápido e impressionante sucesso. Ela abriu caminho para uma concepção de patrimônio cultural mais completa e ampla".

Dentro do evento, também ocorrerá a reunião do Centro Regional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da América Latina (CREPIAL), entidade da UNESCO, com representantes de 15 países, incluindo o Brasil.

No Cineteatro São Luiz, também em Fortaleza, também estão previstos ciclos de debates e palestras com especialistas das diversas áreas envolvidas com patrimônio cultural. Alguns integrantes que participaram do seminário de 1997 estarão presentes no encontro.

O Ceará conta com quatro bens culturais reconhecidos como Patrimônio Cultural em caráter federal: o Ofício dos Mestres de Capoeira e a Roda de Capoeira, registrados em 2008; o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste e a Festa do Pau de Santo Antônio de Barbalha, que tiveram registro em 2015.

O Brasil conta com 41 bens registrados como Patrimônio Imaterial, representando a singularidade e a diversidade das manifestações culturais do povo dos diversos cantos do país. Cinco deles também tiveram reconhecimento pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. Um exemplo destas duas conquistas é o Samba de Roda, do Recôncavo Baiano, região da Bahia que envolve municípios como Cachoeira, São Félix, Cruz das Almas, Maragogipe e Santo Amaro da Purificação.

O seminário que deu origem à Carta de Fortaleza foi realizado em razão da comemoração dos 60 anos do IPHAN, entre 10 e 14 de novembro de 1997, e buscava "identificar, proteger, promover e fomentar os processos e bens 'portadores de referência à identidade, à criação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira', conforme determinado no art. 216 da Constituição Federal de 1988.

FONTES: IPHAN, Salzburg Global.Org, Mídia Recôncavo, Wikipedia.

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