BANDA BAIANA ASA DE ÁGUIA, ACUSADA DE PEJOTIZAÇÃO.
Por Alexandre Figueiredo
A intelectualidade que defendia a bregalização da cultura popular em geral e da música brasileira em particular conseguiu o que queria. Criando um discurso de "combate ao preconceito", desculpa usada para forjar um consenso à apologia da degradação sócio-cultural sob o rótulo de "popular", o lobby intelectual contribuiu para o aumento do poder de fenômenos comerciais da "cultura de massa".
Com o desmonte da Música Popular Brasileira através de uma campanha, em princípio, permissiva, e, depois, difamatória, onde primeiro se definia a MPB como uma "casa da sogra" onde cabia tudo que fosse, em tese, "música brasileira", e, depois, desmoralizava a MPB pelo seu "elitismo", a sigla que fazia os corações juvenis baterem nos anos 1960 e 1970 se distanciou dos jovens atuais.
Hoje cresce o brega-popularesco na sua mais recente geração, que trabalha um pop abertamente comercial e escancaradamente americanizado, como a mais nova linhagem de uma longa trajetória de americanização e comercialismo trazidos por Waldick Soriano e Odair José e seus respectivos contemporâneos.
Enquanto a geração de Waldick emulava arremedos hollywoodianos de boleros com country, Odair fazia arremedos de rock já intermediados pelo caso italiano, com forte influência do rock comportado de Pat Boone, Ricky Nelson, Bobby Darin e companhia.
A ideia de criar um "pop à brasileira" é, portanto, antiga e segue a lógica subordinada dos EUA, com elementos adaptados do plano econômico de Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões, o chamado Plano Nacional de Desenvolvimento da ditadura militar, claramente entreguista, e depois da Teoria da Dependência de Fernando Henrique Cardoso, com algum aparato de soberania.
No primeiro caso, da dupla Campos e Bulhões, havia a fórmula radical do desenvolvimento subordinado com implantação de matéria-prima obsoleta e política de arrocho salarial. Traduzindo para a música brasileira, significa um duplo retrocesso: a música brasileira seria subordinada às fórmulas do hit-parade estrangeiro, só que de forma piorada, assimilando modismos estrangeiros já ultrapassados.
No segundo caso, da Teoria da Dependência lançada pelo sociólogo depois famoso por ter sido presidente da República, a fórmula do desenvolvimento subordinado foi a mesma, mas com um arremedo de "soberania", o que refletiu, na música, com um arremedo de brasilidade que levemente disfarçava a americanização, uma "brasilidade" adotada para fins turísticos e mercadológicos.
A Teoria da Dependência prevaleceu por esse aspecto de sutileza. Apenas no caso do "funk" a americanização torna-se mais acentuada, calcada no miami bass dos EUA, e apenas pequenos artificios, como simulações pontuais de batuques de candomblé, são adotados para fins turísticos.
Neoliberalismo e bregalização andaram de mãos dadas e esse arremedo de "cultura popular", expresso não só pela música brega mas pelo erotismo grosseiro das "boazudas" (musas de apelo popular que desempenham o papel de objetos sexuais), pelo humorismo mais preocupado com bordões e duplos sentidos do que pela graça da piada e pelo jornalismo policialesco impresso, radiofônico ou televisivo.
Tudo isso era uma forma de degradação da cultura popular, transformando o povo pobre numa massa resignada com sua situação e identificada com valores pitorescos, aberrantes, piegas e outros que se relacionam ao sensacionalismo.
Na bregalização cultural, há também a resignação pelas condições sociais inferiores, como a prostituição, o comércio informal e o alcoolismo, mas diante de um contraditório desejo de obter utensílios e valores estrangeiros, influenciados pela frenética campanha consumista da televisão. Era uma confusa e contraditória interação entre o provincianismo rural ou suburbano e o glamour elitista do Primeiro Mundo.
A precarização cultural se aliava ao poder midiático, com emissoras regionais de rádio e TV, além de serviços de auto-falantes, ligados ao poder oligárquico dominante. O sucesso em São Paulo era respaldado pela associação entre o empresário do "artista" regional e a mídia oligárquica sediada na capital paulista.
O crescimento da cultura brega-popularesca se deu quando o presidente da República, José Sarney, e seu ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, decidiram presentear políticos e empresários aliados com as concessões de rádio e TV. Isso praticamente fez ampliar a influência do "popular demais" que transformava o povo pobre numa caricatura, numa paródia de si mesmo.
O próprio Antônio Carlos Magalhães criou um esquema envolvendo interesses turísticos no qual surgiram blocos do Carnaval da Bahia que estabeleceram um mercado em que a música se subordinasse a interesses abertamente comerciais e monopolistas.
A partir de uma concepção sonora que, em forma de pastiches, emulava ritmos caribenhos, Jovem Guarda e Tropicalismo, eventualmente acrescido de elementos de rock mainstream e disco music, a axé-music se constituiu numa monocultura que, quando Magalhães tornou-se senador e maior aliado de Fernando Henrique Cardoso, chegou a exercer um enorme sucesso nacional.
Durante os últimos 15 anos, mais precisamente entre 2001 e 2014, prevaleceu um discurso estranho difundido por uma parcela de intelectuais, artistas e acadêmicos, no qual o brega-popularesco era visto como uma suposta rebelião popular. No entanto, por baixo desse discurso que apelava para "combate ao preconceito" e "cultura das periferias" ("periferia" é um termo tirado da Teoria da Dependência), há visões abertamente mercadológicas.
O "popular demais" tornou-se um mercado em que os empresários manipulavam até o estado civil de seus contratados. O cantor do Harmonia do Samba, Xanddy, denunciou certa vez que seu empresário havia o aconselhado a se separar de Carla Perez, ex-dançarina do É O Tchan, com quem o cantor vive um casamento estável.
Denúncias de trabalho degradado, imposições empresariais e até de irregularidades trabalhistas ocorrem, num mercado em que até as composições, não bastassem serem feitas por motivos comerciais, gerarem disputas sobre que grupo vai interpretar a música. "Minha Mulher Não Deixa Não" é um exemplo, gerando briga entre os Aviões do Forró e a banda Garota Safada, que revelou o milionário ídolo Wesley Safadão.
Outro caso irregular chegou a colocar no limbo o grupo de "funk" MC Federado & Os Lelekes, diante das disputas sobre quem seria o verdadeiro autor de "Passinho do Volante", seu único e grande sucesso. Há também rumores de que muitos intérpretes menores do "funk" recebem músicas prontas dos produtores, e cada intérprete (conhecido como MC) leva sozinho o crédito da autoria para ganhar, como "compositor", o que deixaria de ganhar por obrigações trabalhistas.
Na Bahia, denúncias como a pejotização, tão falada nos debates sobre as reformas do governo do atual presidente da República, Michel Temer, no que se refere à terceirização e a reforma trabalhista, já envolviam bandas baianas. A pejotização é um termo derivado de "pessoa jurídica", na qual o trabalhador é obrigado a criar uma "empresa fantasma" para que seu contratante fosse dispensado de cumprir obrigações trabalhistas, já que o contratado torna-se "terceirizado".
Denúncias deste tipo envolveram dois medalhões da axé-music: Asa de Águia e Ivete Sangalo. O ex-baixista do grupo, Levi Pereira, e o ex-baterista da banda de apoio da cantora, Toinho Batera, entraram com seus respectivos processos judiciais contra os ídolos musicais, por conta justamente da manobra da pejotização.
Outra denúncia teve como alvo Bell Marques quando era vocalista da banda Chiclete Com Banana. O guitarrista Cacique Jonny, ao sofrer uma grave doença, não recebeu a devida assistência médica e, em vez de ser tratado como um músico da banda, recebia tratamento como se fosse um músico convidado em condições ainda mais subalternas. O caso foi um dos que desgastaram a imagem de Bell, considerado um dos "barões" da axé-music.
Essas coisas acontecem, como se não bastasse o jabaculê que a música brega-popularesca - ou Música de Cabresto Brasileira - pratica não só em rádios e TVs, mas também em teses acadêmicas e no mercado cinematográfico. Documentários e monografias serviam de propaganda para ídolos brega-popularescos e recebiam dinheiro de empresas de entretenimento para dar um suporte "etnográfico" a tendências comerciais, visando fortalecer ainda mais o mercado.
E há também o caso da Lei Rouanet, que faz com que verbas públicas fossem concedidas para ídolos brega-popularescos, sob o respaldo dos intelectuais pró-bregalização, também comprometidos com o esquema financeiro e burocrático do dinheiro liberado pelo Ministério da Cultura.
Tudo isso se deu até os primeiros meses do governo Michel Temer, em que setores intelectuais infiltrados nos movimentos de esquerda, mas oriundos da mídia dominante, desenvolviam um pretenso discurso de "cultura das periferias" para o brega-popularesco, um discurso que prevaleceu quase que de forma monolítica, sem um contraponto intelectual para a supremacia do "mau gosto popular" que invadia os circuitos universitários.
O discurso se arrefeceu e o comercialismo do brega-popularesco se tornou praticamente totalitário. Enquanto isso, a falácia intelectual de que a bregalização garantiria a "diversidade cultural" perdeu o sentido. O brega desmobilizou as classes populares, permitiu a queda de Dilma Rousseff e, agora, com as elites dominantes no poder, a própria diversidade cultural está ameaçada com a subordinação do Ministério da Cultura e das secretarias municipais e estaduais aos interesses do mercado.
Grupos de educação cultural, oficinas de arte, orquestras eruditas, artistas de rua e grupos folclóricos ameaçam serem extintos pelo corte de gastos. A priorização dos investimentos culturais apenas ao que está diretamente ligado ao turismo, ao mainstream histórico-cultural e ao mercado foram o preço caro de se acreditar que o "popular demais" da mídia popularesca iria salvar nossa cultura. Essa crença foi traída pela realidade atual que põe em risco nosso patrimônio cultural de séculos.
FONTES: Carta Capital, Caros Amigos, Linhaça Atômica, Mingau de Aço, Bahia Notícias, Portal R7, O Dia.
Por Alexandre Figueiredo
A intelectualidade que defendia a bregalização da cultura popular em geral e da música brasileira em particular conseguiu o que queria. Criando um discurso de "combate ao preconceito", desculpa usada para forjar um consenso à apologia da degradação sócio-cultural sob o rótulo de "popular", o lobby intelectual contribuiu para o aumento do poder de fenômenos comerciais da "cultura de massa".
Com o desmonte da Música Popular Brasileira através de uma campanha, em princípio, permissiva, e, depois, difamatória, onde primeiro se definia a MPB como uma "casa da sogra" onde cabia tudo que fosse, em tese, "música brasileira", e, depois, desmoralizava a MPB pelo seu "elitismo", a sigla que fazia os corações juvenis baterem nos anos 1960 e 1970 se distanciou dos jovens atuais.
Hoje cresce o brega-popularesco na sua mais recente geração, que trabalha um pop abertamente comercial e escancaradamente americanizado, como a mais nova linhagem de uma longa trajetória de americanização e comercialismo trazidos por Waldick Soriano e Odair José e seus respectivos contemporâneos.
Enquanto a geração de Waldick emulava arremedos hollywoodianos de boleros com country, Odair fazia arremedos de rock já intermediados pelo caso italiano, com forte influência do rock comportado de Pat Boone, Ricky Nelson, Bobby Darin e companhia.
A ideia de criar um "pop à brasileira" é, portanto, antiga e segue a lógica subordinada dos EUA, com elementos adaptados do plano econômico de Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões, o chamado Plano Nacional de Desenvolvimento da ditadura militar, claramente entreguista, e depois da Teoria da Dependência de Fernando Henrique Cardoso, com algum aparato de soberania.
No primeiro caso, da dupla Campos e Bulhões, havia a fórmula radical do desenvolvimento subordinado com implantação de matéria-prima obsoleta e política de arrocho salarial. Traduzindo para a música brasileira, significa um duplo retrocesso: a música brasileira seria subordinada às fórmulas do hit-parade estrangeiro, só que de forma piorada, assimilando modismos estrangeiros já ultrapassados.
No segundo caso, da Teoria da Dependência lançada pelo sociólogo depois famoso por ter sido presidente da República, a fórmula do desenvolvimento subordinado foi a mesma, mas com um arremedo de "soberania", o que refletiu, na música, com um arremedo de brasilidade que levemente disfarçava a americanização, uma "brasilidade" adotada para fins turísticos e mercadológicos.
A Teoria da Dependência prevaleceu por esse aspecto de sutileza. Apenas no caso do "funk" a americanização torna-se mais acentuada, calcada no miami bass dos EUA, e apenas pequenos artificios, como simulações pontuais de batuques de candomblé, são adotados para fins turísticos.
Neoliberalismo e bregalização andaram de mãos dadas e esse arremedo de "cultura popular", expresso não só pela música brega mas pelo erotismo grosseiro das "boazudas" (musas de apelo popular que desempenham o papel de objetos sexuais), pelo humorismo mais preocupado com bordões e duplos sentidos do que pela graça da piada e pelo jornalismo policialesco impresso, radiofônico ou televisivo.
Tudo isso era uma forma de degradação da cultura popular, transformando o povo pobre numa massa resignada com sua situação e identificada com valores pitorescos, aberrantes, piegas e outros que se relacionam ao sensacionalismo.
Na bregalização cultural, há também a resignação pelas condições sociais inferiores, como a prostituição, o comércio informal e o alcoolismo, mas diante de um contraditório desejo de obter utensílios e valores estrangeiros, influenciados pela frenética campanha consumista da televisão. Era uma confusa e contraditória interação entre o provincianismo rural ou suburbano e o glamour elitista do Primeiro Mundo.
A precarização cultural se aliava ao poder midiático, com emissoras regionais de rádio e TV, além de serviços de auto-falantes, ligados ao poder oligárquico dominante. O sucesso em São Paulo era respaldado pela associação entre o empresário do "artista" regional e a mídia oligárquica sediada na capital paulista.
O crescimento da cultura brega-popularesca se deu quando o presidente da República, José Sarney, e seu ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, decidiram presentear políticos e empresários aliados com as concessões de rádio e TV. Isso praticamente fez ampliar a influência do "popular demais" que transformava o povo pobre numa caricatura, numa paródia de si mesmo.
O próprio Antônio Carlos Magalhães criou um esquema envolvendo interesses turísticos no qual surgiram blocos do Carnaval da Bahia que estabeleceram um mercado em que a música se subordinasse a interesses abertamente comerciais e monopolistas.
A partir de uma concepção sonora que, em forma de pastiches, emulava ritmos caribenhos, Jovem Guarda e Tropicalismo, eventualmente acrescido de elementos de rock mainstream e disco music, a axé-music se constituiu numa monocultura que, quando Magalhães tornou-se senador e maior aliado de Fernando Henrique Cardoso, chegou a exercer um enorme sucesso nacional.
Durante os últimos 15 anos, mais precisamente entre 2001 e 2014, prevaleceu um discurso estranho difundido por uma parcela de intelectuais, artistas e acadêmicos, no qual o brega-popularesco era visto como uma suposta rebelião popular. No entanto, por baixo desse discurso que apelava para "combate ao preconceito" e "cultura das periferias" ("periferia" é um termo tirado da Teoria da Dependência), há visões abertamente mercadológicas.
O "popular demais" tornou-se um mercado em que os empresários manipulavam até o estado civil de seus contratados. O cantor do Harmonia do Samba, Xanddy, denunciou certa vez que seu empresário havia o aconselhado a se separar de Carla Perez, ex-dançarina do É O Tchan, com quem o cantor vive um casamento estável.
Denúncias de trabalho degradado, imposições empresariais e até de irregularidades trabalhistas ocorrem, num mercado em que até as composições, não bastassem serem feitas por motivos comerciais, gerarem disputas sobre que grupo vai interpretar a música. "Minha Mulher Não Deixa Não" é um exemplo, gerando briga entre os Aviões do Forró e a banda Garota Safada, que revelou o milionário ídolo Wesley Safadão.
Outro caso irregular chegou a colocar no limbo o grupo de "funk" MC Federado & Os Lelekes, diante das disputas sobre quem seria o verdadeiro autor de "Passinho do Volante", seu único e grande sucesso. Há também rumores de que muitos intérpretes menores do "funk" recebem músicas prontas dos produtores, e cada intérprete (conhecido como MC) leva sozinho o crédito da autoria para ganhar, como "compositor", o que deixaria de ganhar por obrigações trabalhistas.
Na Bahia, denúncias como a pejotização, tão falada nos debates sobre as reformas do governo do atual presidente da República, Michel Temer, no que se refere à terceirização e a reforma trabalhista, já envolviam bandas baianas. A pejotização é um termo derivado de "pessoa jurídica", na qual o trabalhador é obrigado a criar uma "empresa fantasma" para que seu contratante fosse dispensado de cumprir obrigações trabalhistas, já que o contratado torna-se "terceirizado".
Denúncias deste tipo envolveram dois medalhões da axé-music: Asa de Águia e Ivete Sangalo. O ex-baixista do grupo, Levi Pereira, e o ex-baterista da banda de apoio da cantora, Toinho Batera, entraram com seus respectivos processos judiciais contra os ídolos musicais, por conta justamente da manobra da pejotização.
Outra denúncia teve como alvo Bell Marques quando era vocalista da banda Chiclete Com Banana. O guitarrista Cacique Jonny, ao sofrer uma grave doença, não recebeu a devida assistência médica e, em vez de ser tratado como um músico da banda, recebia tratamento como se fosse um músico convidado em condições ainda mais subalternas. O caso foi um dos que desgastaram a imagem de Bell, considerado um dos "barões" da axé-music.
Essas coisas acontecem, como se não bastasse o jabaculê que a música brega-popularesca - ou Música de Cabresto Brasileira - pratica não só em rádios e TVs, mas também em teses acadêmicas e no mercado cinematográfico. Documentários e monografias serviam de propaganda para ídolos brega-popularescos e recebiam dinheiro de empresas de entretenimento para dar um suporte "etnográfico" a tendências comerciais, visando fortalecer ainda mais o mercado.
E há também o caso da Lei Rouanet, que faz com que verbas públicas fossem concedidas para ídolos brega-popularescos, sob o respaldo dos intelectuais pró-bregalização, também comprometidos com o esquema financeiro e burocrático do dinheiro liberado pelo Ministério da Cultura.
Tudo isso se deu até os primeiros meses do governo Michel Temer, em que setores intelectuais infiltrados nos movimentos de esquerda, mas oriundos da mídia dominante, desenvolviam um pretenso discurso de "cultura das periferias" para o brega-popularesco, um discurso que prevaleceu quase que de forma monolítica, sem um contraponto intelectual para a supremacia do "mau gosto popular" que invadia os circuitos universitários.
O discurso se arrefeceu e o comercialismo do brega-popularesco se tornou praticamente totalitário. Enquanto isso, a falácia intelectual de que a bregalização garantiria a "diversidade cultural" perdeu o sentido. O brega desmobilizou as classes populares, permitiu a queda de Dilma Rousseff e, agora, com as elites dominantes no poder, a própria diversidade cultural está ameaçada com a subordinação do Ministério da Cultura e das secretarias municipais e estaduais aos interesses do mercado.
Grupos de educação cultural, oficinas de arte, orquestras eruditas, artistas de rua e grupos folclóricos ameaçam serem extintos pelo corte de gastos. A priorização dos investimentos culturais apenas ao que está diretamente ligado ao turismo, ao mainstream histórico-cultural e ao mercado foram o preço caro de se acreditar que o "popular demais" da mídia popularesca iria salvar nossa cultura. Essa crença foi traída pela realidade atual que põe em risco nosso patrimônio cultural de séculos.
FONTES: Carta Capital, Caros Amigos, Linhaça Atômica, Mingau de Aço, Bahia Notícias, Portal R7, O Dia.
Comentários