Por Alexandre Figueiredo
Dois dos marcos da modernização do país através da integração de redes telegráficas se tornaram patrimônio cultural pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
As estações telegráficas de Vilhena e Ji-Paraná, em Rondônia, são as duas remanescentes das estações telegráficas construídas pela Comissão Rondon, um projeto do militar e sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), idealizador de um projeto de comunicação das regiões brasileiras através do telégrafo, invenção do físico estadunidense Samuel Morse no ano de 1835 e que foi introduzida no Brasil em 1857.
Descendente de indígenas, Cândido Rondon, mais tarde conhecido como Marechal Rondon, havia sido militante abolicionista na juventude e dedicou sua vida na pesquisa de tribos indígenas. Chegou a fazer expedição com o então presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, tio de Franklin Roosevelt, que, no mesmo cargo, visitou o Brasil durante o Estado Novo do presidente Getúlio Vargas.
As duas estações, que estabeleciam comunicação entre Cuiabá, no Mato Grosso, e a capital rondonense Porto Velho, foram as que restaram de tantas outras, e se localizam no Estado de Rondônia, que havia sido território e se chamava Guaporé até a mudança de nome em homenagem ao marechal que trabalhou na área.
A estação de Vilhena foi inaugurada em 1911 e a de Ji-Paraná, em 1914. As estações telegráficas foram as pioneiras das telecomunicações no Brasil, num primeiro esforço de estabelecer contato entre as mais distantes regiões do país e favorecer o povoamento das regiões Norte e Centro-Oeste.
A Estação Telegráfica de Vilhena começou a ser construída em 1910 no Planalto dos Parecis. e seu nome era uma homenagem ao maranhense Álvaro Coutinho de Melo Vilhena, ex-diretor dos Correios e Telégrafos que havia falecido anos antes da expedição.
Desativada e abandonada décadas depois, a estação de Vilhena tornou-se parte do cenário narrado pelo antropólogo Claude Levi-Strauss no seu livro Tristes Trópicos, que narra sua passagem pelo Brasil. Em 23 de novembro de 1977, é inaugurado o atual município de Vilhena, depois que um povoado na área cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos. Ji-Paraná foi inaugurada um dia antes.
A Estação Telegráfica Presidente Pena, em Ji-Paraná, se destacava por sua arquitetura mais imponente, construída com tijolos de adobe, um tipo de barro, e cobertura em telhas de cerâmica fabricada de maneira artesanal. enquanto a construção do posto de Vilhena era mais modesta, parecendo uma residência rural comum.
A estação de Ji-Paraná se transformou no Museu das Comunicações e é administrada pela Fundação Cultural do município. Sofreu reformas recentemente, com material semelhante ao que foi utilizado na construção original, como tijolos de adobe.
A de Vilhena se transformou no museu Casa de Rondon, e é administrada pela União por estar localizada em uma área militar, controlada pela Aeronáutica. Ficou abandonada durante muitos anos e chegou a sofrer ataques de vândalos várias vezes e sofreu reformas em 2012.
O Conselho Consultivo, formado por representantes de órgãos como o próprio IPHAN, o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e os ministérios da Educação, das Cidades e do Turismo, aprovaram o tombamento definitivo das duas estações, em votação unânime.
Com isso, as duas estações, símbolos de um período pioneiro de integração de áreas distantes do Brasil, receberão recursos para restauração e reformas, As obras poderão ser iniciadas no começo do próximo ano.
FONTES: IPHAN, Correio Popular de Rondônia, Blog História e Geografia de Rondônia, Correio de Notícias de Rondônia, Portal G1.
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