Por Alexandre Figueiredo
Embora de forma tardia, o legado da influência africana na cultura brasileira, através dos templos afro-brasileiros, foi valorizado através da dedicação de cientistas sociais empenhados na sua preservação, há 28 anos.
Como forma de relatar o histórico desse processo de tombamento dos templos de cultos de origem africana no Brasil, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, foi lançado o livro O Patrimônio Cultural dos templos Afro-Brasileiros, pela Oiti Editora e Produções Culturais.
O livro foi lançado no último dia 14 em evento realizado na sede da 7ª Superintendência Regional do IPHAN, no Solar Berquó, na Barroquinha, centro histórico de Salvador.
A publicação é resultante dos trabalhos realizados no Seminário Internacional Políticas de Acautelamento do IPHAN para Templos de Culto Afro-Brasileiros, realizado em 2009, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e que teve a coordenação da antropóloga Maria do Rosário Gonçalves de Carvalho. O seminário foi promovido pela UFBA, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pela Universidade Federal de Pernambuco, com a colaboração de órgãos de pesquisa da França e de vários países africanos.
Prefacia o livro o presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida, enquanto a apresentação do livro fica por conta do superintendente do instituto na Bahia, Carlos A. Amorim. Os terreiros se tornam vestígio da origem da influência africana no Brasil e até hoje possuem notável expressão na cultura brasileira, sobretudo na Bahia, como relatou Amorim: “Eles, os terreiros, carregam, de um lado a outro do oceano, a sacralidade, o testamento das pequenas áfricas – monumentais como o continente negro”.
Diversos pesquisadores publicaram textos que avaliam a situação desses sítios históricos, ao longo dos 28 anos de esforços de preservação desse patrimônio, como Márcio Sant`Anna, Ordep Serra, Gilberto Velho, Sérgio F. Ferretti, Luis Nicolau Parés, Maria Rosário Gonçalves de Carvalho e Hugo Prudente, Scott Joseph Allen, Carlos Etchevarne, Alexis B. A. Adandé, Christine Henry e Emmanuelle Kadya Tall.
O próprio Carlos Amorim escreve outro capítulo do livro, o texto "Os limites do IPHAN no trato dos templos afro-brasileiros". “A preservação de templos e locais sagrados da cultura afro-brasileira é coisa recente e se limitou, nos últimos 25 anos, à inscrição nos livros de tombo oficiais, malgrado o imperativo de se mover uma discussão profunda sobre o tema”, disse Amorim.
A primeira casa de culto afro-brasileiro a ser tombada foi a Casa Branca do Engenho Velho ((Ilê Axé Iyá Nassô Oká), situado no Engenho Velho da Federação, em Salvador, no ano de 1984. Depois, foram tombados, na Bahia, os terreiros Ilê Axé Opô Afonjá (1999), Gantois (2002), Bate Folha Manso Banduquenqué (2003), Alaketo (2004) em Salvador e, em 2011, foi a vez do Terreiro da Roça do Ventura, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano. No Maranhão, o Terreiro Casa das Minas Jejê, em São Luiz, foi transformado em patrimônio cultural em 2005.
FONTES: IPHAN, AC Comunicação.
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