Por Alexandre Figueiredo
Às vésperas de completar 52 anos, que será daqui a um mês, Brasília se encontra numa situação delicada. Seu crescimento complexo, que em muitos aspectos não condiz com seu projeto urbanístico original, pode fazer a cidade perder o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO.
Para avaliar o problema, técnicos da UNESCO visitaram a capital do Brasil nos últimos dias de 12 a 15 da semana passada. Os especialistas em arquitetura e urbanismo, o argentino Luiz Maria Calvo e o espanhol Carlos Sambricio realizaram a visita, em companhia do presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida.
Almeida, por sua vez, reconhece a complexidade da capital, e por isso a gestão do patrimônio cultural na cidade exigem a busca constante de valores que reafirmem seus valores. Esses instrumentos, no entanto, exigem a possibilidade de enfrentar o problema com políticas de ação que priorizem objetivos estratégicos, não se limitando às ações de cunho estético.
O presidente do IPHAN acrescentou, também, que Brasília, diferente de outras cidades históricas, possui uma dimensão do seu patrimônio relacionada ao desenvolvimento da cidade. Ou seja, seu caráter patrimonial é fortemente influenciado pelo caráter de modernidade da capital, pelo seu contexto futurista que a acompanhava desde sua fundação, em 1960, com a conclusão das obras que já desenhavam uma vida social já na segunda metade dos anos 50.
Como toda grande cidade, Brasília sofreu um crescimento desordenado e confuso. O trânsito tornou-se caótico. O sistema de transportes sofre com irregularidades. A cidade, considerada uma síntese das várias regiões do país, na medida em que é o seu centro político, além de ser também um dos pólos do serviço público nacional.
A visita tem caráter consultivo, não cabendo à UNESCO qualquer decisão sobre quais medidas deverão ser tomadas para evitar a perda do título de patrimônio mundial da capital do país. A missão foi solicitada pela Comissão de Patrimônio Mundial, em reunião realizada em Paris, em junho do ano passado. Os técnicos, todavia, irão produzir um relatório sobre a situação de Brasília, que será concluído em abril.
No relatório, serão avaliados, entre outras coisas, aspectos institucionais, a legislação urbanística e de preservação e as intervenções urbanísticas realizadas na cidade, e como elas afetam o espaço físico e social da cidade.
Com a divulgação do relatório, o IPHAN espera ter em mãos um documento que traga diretrizes sobre o que deve ser feito para que seja garantida a permanência da condição de patrimônio mundial de Brasília. A cidade é considerada patrimônio mundial desde 1987.
Fontes: IPHAN, Jornal Nacional (Rede Globo).
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