Pular para o conteúdo principal

IPHAN LANÇA ROTEIROS NACIONAIS DE IMIGRAÇÃO



Por Alexandre Figueiredo

No dia 27 de agosto de 2007, o IPHAN deu início oficialmente, na cidade de Pomerode (SC), ao projeto Roteiros Nacionais de Imigração. A cerimônia, que contou com a participação de ministros e autoridades locais, aconteceu no pequeno sítio Tribess, no bairro de Wünderwald.

O projeto, que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional lança em parceria com o Ministério do Turismo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Governo de Santa Catarina, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e as prefeituras de quinze municípios catarinenses, entre eles Blumenau, Jaraguá do Sul e Joinville, é a versão nacional de um projeto que já é desenvolvido no Estado.



No âmbito catarinense, o projeto, iniciado em 1980, teve como objetivo inicial ressaltar os espaços e as tradições remanescentes da peregrinação dos povos alemães, poloneses, italianos e ucranianos pelos municípios envolvidos (um total de vinte, no projeto estadual). Dessa forma, o projeto visa registrar e preservar o legado desses povos, como as caraterísticas relativas à ocupação residencial, aos meios de produção, as técnicas de construção, as atividades sócio-econômicas e as expressões culturais trazidas de seus países de origem.



As autoridades assinaram o Termo de Cooperação que institui em definitivo os Roteiros Nacionais de Imigração. Através deste projeto, os diversos órgãos que assumem o compromisso serão responsáveis pela preservação do patrimônio dos municípios envolvidos, seja protegendo a sua identidade regional e cultural, seja garantindo a sustentabilidade econômica e ambiental. A comitiva e os convidados, depois do evento, realizaram um passeio pelas estradas rurais ao longo da localidade de Testo Alto, em Pomerode, e depois por outras estradas na região do Vale do Rio da Luz, na cidade de Jaraguá do Sul. As duas comunidades do interior catarinense fazem parte de uma lista de cidades destinadas ao tombamento, em caráter nacional, pelo IPHAN. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, durante seu discurso no evento, afirmou que os Roteiros Nacionais de Imigração envolverão também outros Estados brasileiros.



O projeto Roteiros Nacionais de Imigração, como um todo, tem por objetivo reconhecer e valorizar a contribuição das várias etnias que integram o painel cultural brasileiro, por meio de várias atividades relacionadas à culinária, à música, à arquitetura, ao modo de vida de cada povo ou de quaisquer outras formas de expressão. Também é tarefa do projeto preservar o legado dos povos europeus que chegaram ao Brasil a partir do século XIX e cuja presença foi expressiva no processo de transformações sociais, culturais, econômicas e até políticas ocorridas no país desde o Século XX, como, por exemplo, a implantação de teorias políticas e filosóficas de cunho socialista pelos imigrantes italianos.

A escolha de Pomerode para a efetivação dos Roteiros Nacionais de Imigração pelo IPHAN se baseou no prestígio da cidade catarinense reconhecida nacionalmente como "a mais alemã do Brasil". Desde o século XIX, Pomerode, fundada em 1861 em pleno início da imigração alemã no país, conserva os traços culturais herdados dos colonizadores. A cidade foi povoada pelos alemães que, na maioria, eram originários da Pomerânia, região situada entre o norte da Alemanha e a Polônia. Inicialmente, os pomeranos, ao chegarem ao Brasil, não se identificavam com os outros povos alemães, devido às caraterísticas culturais distintas, mas, com o passar do tempo, foram incluídos entre eles, uma vez que, minoritários, os alemães pomeranos não tardaram a se mesclarem com outros grupos alemães.

Conhecida por suas tradições e belezas naturais, Pomerode tem o maior acervo de casas do estilo arquitetônico enxaimel, típico da Alemanha, construídas fora do território alemão. A forte influência germânica, no entanto, vai além da arquitetura. O idioma alemão e o dialeto plattdeutsch são, até hoje, falados pela maior parte de seus moradores. Outros legados dos alemães pomeranos, como os clubes de caça e tiro, os grupos folclóricos, as bandas típicas, a gastronomia, a dedicação ao trabalho e a fé religiosa fazem parte do dia-a-dia da população da cidade, estimada em 25 mil habitantes.

FONTES: Portal Bela Santa Catarina, JB On Line, Ministério da Cultura, Wikipedia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A POLÊMICA DA HISTÓRIA DAS MENTALIDADES

Por Alexandre Figueiredo Recentemente, a mídia lançou mão da história das mentalidades para legitimar tendências e ídolos musicais de gosto bastante duvidoso. O "funk carioca", o pagode baiano, o forró-brega, o breganejo e outros fenômenos comerciais da música feita no Brasil sempre lançam mão de dados biográficos, de sentimentos, hábitos pessoais dos envolvidos, chegando ao ponto da ostentação da vida pessoal. Também são mostradas platéias, e se faz uma pretensa história sociológica de seus fãs. Fala-se até em "rituais" e as letras de duplo sentido - na maioria das vezes encomendada por executivos de gravadoras ou pelos empresários dos ídolos em questão - são atribuídas a uma suposta expressão da iniciação sexual dos jovens. Com essa exploração das mentalidades de ídolos duvidosos, cujo grande êxito na venda de discos, execução de rádios e apresentações lotadas é simétrico à qualidade musical, parece que a História das Mentalidades, que tomou conta da abordagem his

O RESSENTIMENTO "POSITIVO" DE UMA ESQUERDA FESTIVA E VIRA-LATA

ROGÉRIO SKYLAB ENTREVISTA O PARCEIRO MICHAEL SULLIVAN NO PROGRAMA APRESENTADO PELO PRIMEIRO, MATADOR DE PASSARINHO, DO CANAL BRASIL. Por Alexandre Figueiredo Estranha a esquerda que exerce o protagonismo nos governos de Lula. Uma esquerda não apenas de perfil identitário, o que já causa estranheza, por importar um culturalismo próprio do Partido Democrata, sigla da direita moderada dos EUA. É uma esquerda que prefere apoiar alguns valores conservadores do que outros, mais progressistas, mas vistos erroneamente como "ultrapassados". Trata-se de uma esquerda que, no ideário marxista, se identifica com o perfil pequeno-burguês. Uma "esquerda" de professores, artistas ricos, celebridades, socialites, jornalistas da grande mídia, carregados de um juízo de valor que destoa das causas esquerdistas originais, por estar mais voltado a uma visão hierárquica que vê no povo pobre um bando de idiotas pueris. Essa esquerda está distante do esquerdismo tradicional que, em outros t

OS TATARANETOS DA GERAÇÃO DA REPÚBLICA VELHA

Por Alexandre Figueiredo O que faz a elite que apoia incondicionalmente o governo Lula e obtém hábitos estranhos, que vão desde falar "dialetos" em portinglês - como na frase "Troquei o meu boy  pelo meu dog " - até jogar comida fora depois de comer cinco garfadas de um almoço farto, ser comparável às velhas elites escravocratas, fisiológicas e golpistas do passado, incluindo a "cultura do cabresto" das elites da República Velha? Apesar do verniz de modernidade, progressismo e alegria, a elite que obteve o protagonismo no cenário sociocultural comandado pelo atual mandato de Lula - que sacrificou seus antigos princípios de esquerda preferindo artifícios como a política externa e o fisiologismo político para obter vantagens pessoais - , trata-se da mesma sociedade conservadora que tenta se repaginar apenas expurgando os radicais bolsonaristas, hoje "bodes expiatórios" de tudo de ruim que aconteceu na História do Brasil. A mediocrização cultural, a