Por Alexandre Figueiredo
No dia 27 de julho de 2007, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Projeto Monumenta realizaram, às 16 horas, a cerimônia de lançamento do livro O Aleijadinho e o Santuário de Congonhas, na Estação Ferroviária de Congonhas do Campo, no interior de Minas Gerais.
O livro, que conta com 133 páginas e 12 capítulos além de ter textos em português e inglês, é de autoria de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. Uma das maiores especialistas em arte sacra e colonial do Brasil, Myriam é formada em História na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sendo mestre e doutora na Universidade Católica de Louvais (Bélgica). Servidora aposentada do Iphan, atualmente é professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Myriam é autora, também, do livro O Aleijadinho e sua Oficina – Catálogo de Esculturas Devocionais, em co-autoria com Antônio Fernandes dos Santos e Olinto Rodrigues dos Santos Filho, (Editora Capivara) e do Rococó Religioso no Brasil (Editora Cosac-Naif).
A obra se destina a descrever a trajetória de Antônio Francisco Lisboa, artista plástico mineiro que por alguma doença degenerativa nos pés e nas mãos, tornou-se conhecido popularmente como "O Aleijadinho", considerado o maior expoente da arte barroca mineira. De vida misteriosa por não haver dados oficiais precisos, Lisboa teria nascido provavelmente em 29 de agosto de 1730. Teria sido filho de uma escrava, de nome Izabel, com um mestre-de-obras português, Manuel Francisco da Costa Lisboa.
Antônio teria passado por várias cidades ao longo da juventude, incluindo o Rio de Janeiro, onde conheceu o artista plástico mineiro lá radicado, Manuel da Fonseca e Silva, conhecido como Mestre Valentim e responsável por muitas obras como o Passeio Público do Rio de Janeiro, feito sob encomenda do vice-rei Dom Luís de Vasconcelos. A amizade de Antônio Lisboa e Valentim se estabelece e através desse contato Lisboa aprende várias idéias sobre artes em evidência na Europa. Aleijadinho, que havia optado pela carreira artística para se consolar de uma traição conjugal, conhece no Rio Narcisa Rodrigues da Conceição, com quem tem um caso amoroso, que resulta na gravidez da moça. Mais tarde, já em Vila Rica (atual Ouro Preto), Lisboa é notificado pela Justiça para reconhecer a paternidade do filho de Narcisa e ele, assumindo o filho, dá a ele o nome de Manuel Francisco Lisboa. Mais tarde, o filho do Aleijadinho segue a carreira do pai, tornando-se escultor.
Na fase artística ocorrida antes da doença, as obras de Antônio Lisboa são marcadas pelo equilíbrio, pela harmonia e pela serenidade. Desta fase, resultaram a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões, estas na então Vila Rica.
Lisboa teria se tornado enfermo na idade dos 40 anos, mas não há fontes precisas que indiquem que doença teria sido esta. Há várias hipóteses: teria sido porfiria, lepra, escorbuto, reumatismo deformante ou então sífilis. O movimento dos pés e das mãos declinou gradualmente, e a partir daí Lisboa teve que contar com a colaboração de um ajudante, que amarrava-lhe as ferramentas nas mãos para poder trabalhar.
O livro de Myriam Andrade, no entanto, se concentra na fase expressionista do já conhecido Aleijadinho. Ele, que morreu pobre, doente e abandonado, provavelmente em 18 de novembro de 1814, trabalhou o auge de sua trajetória na criação do conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, na Igreja de Bom Jesus dos Matosinhos, em Congonhas do Campo. O trabalho é composto de 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e outras 12 feitas usando pedra-sabão. A importância da obra do Aleijadinho foi reconhecida anos depois por autoridades e especialistas em arte do Brasil e do mundo.
O Aleijadinho e o Santuário de Congonhas é o primeiro volume de uma série intitulada Roteiros do Patrimônio, que reúne guias visuais em dois idiomas apresentando roteiros relacionados aos mais importantes sítios históricos do país. Outros lançamentos previstos pela série, todos de Myriam Andrade, são: O Barroco e Rococó no Rio de Janeiro; Barroco e Rococó em Ouro Preto e Mariana (MG); Barroco e Rococó em São João Del Rey e Tiradentes (MG); Barroco e Rococó em Olinda e Recife (PE).
FONTES: IPHAN, Monumenta, Sua Pesquisa, Wikipedia.
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